quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Resposta

isso não é coisa para se postar num blog, mas eu não vou encher a guria de depoimentos e nem gosto de mandar e-mail. e não é nada que eu fosse esconder, só que enfim. como é destinado a uma garota x, provavelmente quem não for ela vai ficar boiando. :)

"eu ensaiei quinhentos discursos. pomposos, chorosos e raivosos. no final das contas, eu optei por nenhum. e agora eu não sei - de novo - o que dizer. é verdade que não nos conhecemos muito. e é verdade também que muito do tempo que passou de repente não foi bem aproveitado. isso não aconteceu devido a distância que se formou inevitavelmente, mas pela falta de procura mesmo, de ambas as partes. isso é natural. até porque eu não acredito exatamente que a convivência determine a força de uma amizade, se é que isso existe. até porque você é amigo ou não é. intensificar isso seria desmerecer algumas pessoas. até por isso, eu queria te corrigir (meigamente) quando li os nomes que você citou. a proximidade não muda a intensidade - não assim. nem sempre as pessoas ao nosso redor são as q
ue mais nos conhecem. eu não costumo correr atrás das pessoas. até porque eu raramente tenho o que dizer. eu falo sobre coisas no geral, mas falar de mim é estranho. não significa que eu não goste. e eu soube de muitas coisas referentes a tua vida, ao teu passado. coisas que eu gostaria de ter ouvido de ti, se algum dia eu fosse digna da tua confiança. e não quero dizer que isso vá ou não acontecer, só me senti estranha por não ter conversado sobre isso contigo. sobre isso de não correr atrás... sei lá, não é orgulho. no fundo é tipo aquela relação que os pais esperam ter com os filhos: "quando você precisar, saiba que eu estou aqui". de repente, meu erro foi não ser clara o suficiente. não só com palavras, mas sei lá. eu já sou meio grossa. eu sou sensível, mas não sei agir com delicadeza. e eu não gosto de pedir ajuda. por orgulho, por vergonha, por tudo que é troço. e porque, sei lá, eu gosto de ficar sozinha e essa história toda. mas isso não quer dizer que eu não goste de ouvir os outros ou participar da vida deles, dividindo experiências - e por aí vai. ah, no fundo a gente se conhece sim. eu vejo o gustavo todos os dias, mas isso não deixa de ser um detalhe. a gente já se desentendeu, já fez tempestade em copo d'água. já riu e já ficou em silêncio. a karol, sei lá. a gente não se fala todos os dias - no máximo um oi. mas, dentro das pessoas que eu trago da infância, ela é minha maior referência. e a gente não sai mais juntas - não com a mesma freqüência, não tem exatamente os mesmos gostos. a gente se fala pouco, se eu for pensar, mas é o suficiente para ver que estamos bem. eu sei que ela me considera, ela sabe que eu sinto o mesmo. talvez isso baste. não tem todos os privilégios de ter um parceiro a tiracolo mas, interior-filosoficamente falando, isso é realmente 'uma honra'. olha para a thays. eu posso ver ela todos os dias pela janela, na aula, sei lá onde. ela está sempre em todos os lugares - e nem por isso vivemos grudadas. na verdade, eu acredito que me relaciono melhor mesmo com aquelas pessoas que não estão na minha rotina. se pá todo mundo pensa assim. você acaba desvalorizando. ou não. mas simplesmente acontece aquilo que, a princípio, não deveria acontecer: você enjoa. não sei porque estou escrevendo tudo isso. não tem relação com o que você me disse. eu queria que você não pensasse que é "só mais uma", ou que está num nível inferior. sabe, no fundo nós nos fortalecemos com a situação toda. eu penso que sim - com o afastamento, a gente percebeu que algumas coisas estavam erradas, corrigimos os problemas e agora estamos vivendo nossas vidas. sim, eu quero estar mais presente. de verdade. e existem mil fatores que servem de empecilho. mas eu quero te mostrar que está tudo bem. quando eu te liguei, aquela vez, foi como o último depoimento: você fica meses em banho-maria, naquela ânsia de ir atrás ou não, do que dizer e todo o medo que isso envolve. não que eu quisesse te deixar na mão. sabe, aconteceram mil merdas contigo, comigo e a gente se ocupou - cada uma com seus problemas. no meio das nuvens, você percebe a claridade e aquilo fica te incomodando - naquele misto de chove, não chove - até que o sol surja. ok, exemplo péssimo. foi preciso que eu me tocasse que eu precisava de ti para me tocar que eu poderia te ajudar também. eu entendo muito bem quando você fala sobre determinado grupo de pessoas. se separar, perceber as intenções de cada um... é estranho. a sociedade toda está acostumada a julgar tudo. todo mundo faz parte disso, é inevitável. isso vira um problema mesmo quando pessoas queridas se mostram intolerantes, logo quando precisamos de uma palavra de força ou coisa parecida. eu não gosto de grupos por isso: todo mundo sempre pensa que tudo será lindo se todos concordarem sempre, mas para isso é preciso respeitar as diferenças, alcançar um senso comum que não agrida ninguém e que seja satisfatório para ambos... cara, isso não existe. eu não gosto dos teus amigos. aqueles em especial, que eu conheci e convivi. não gosto porque não foram bons pra mim. tu não teve as mesmas ações que eu, agiu diferente de acordo com as situações que tu teve que enfrentar. tu foi tu mesma e hoje tu tem pessoas maravilhosas ao teu lado. e provavelmente pessoas que te invejam, que não se sentirão felizes te vendo feliz e que, provavelmente, não valem realmente nada. eu não quis me meter mais na tua relação com essas pessoas. eu não tenho o direito, não faço parte disso, não sou nada além de um desses (teus amigos) dentro do todo. eu não vou negar minhas opiniões e meus insultos, mas não quero pensar que de alguma forma te influenciei com isso. até porque grande parte do que eu penso foi construída em cima de coisas bem relativas. eu me sinto bem sabendo que tu tá bem. é ótimo te ver namorando um cara legal, ou te ver nas fotos fazendo caretas - seja sozinha, comigo ou com outra(s) pessoa(s). eu me sinto meio coelho da páscoa dizendo isso. parece que eu sou uma banana. hahaha. tipo discurso de miss, que quer sempre a paz mundial. mas ok, eu sou boazinha. aquela ivy que não se importa com nada, que algumas pessoas estão acostumadas a enxergar, não existe. eu não sou malvadona como um dia eu quis, nem sou nenhuma flor de pessoa. tenho ataques de raiva, ódio platônico, arroto - mas também faço crochê e uso pantufas rosas. querendo ou não, dramatizando ou não, eu te vi crescer. bem mais do que isso. se existe alguém para mim que se pode comparar a uma fênix (pela história de renascer das cinzas, pela grandeza mesmo), essa pessoa é tu. porque eu te vi quietinha sofrendo e eu te vi forte e safadona um tempo depois. ok, esse safadona ficou estranho. mas enfim. eu não acho que tudo esteja 100%, mas eu me orgulho bastante de te ver assim. sabe, eu nunca duvidei de nenhuma palavra tua, eu sempre acreditei que tu fosse enfrentar todas essas coisas. e eu me amarro quando escuto tu me narrando os acontecimentos, por mais trágicos que eles pareçam. e eu realmente me sinto importante quando tu pede minha opinião. várias vezes eu fiquei sem ter o que dizer. eu penso em ti, penso sempre. não pensa que eu te considero menos. fotos de orkut e oi's na escola são coisas muito supérfluas. as minhas comunidades dizem coisas, de fato, mas toda aquela página é moldada. eu sou daquele jeito, mas também tenho uma vida offline, onde eu não sou mais ou menos humana que ninguém. me sinto mal por não permitir, de repente, alguma aproximação. se tu não me conhece o quanto tu gostaria é porque, sem querer, eu não deixei que isso acontecesse. eu estou tentando mudar isso. eu gosto de te ver rodeada por pessoas que são boas pra ti. e eu fiquei feliz de ter lido que temos muito em comum. fiquei mesmo. eu gostei mesmo do que tu escreveu e concordo. e, pensando melhor, eu também tenho coisas para te contar. a gente sempre tem, mas é difícil escolher o que é novidade ou não quando já nos acostumamos com algumas idéias. e eu gosto das nossas diferenças. eu gosto de pensar que, mesmo com todas as feridas, tu é uma pessoa pura. tu não se deixou levar, não se tornou uma pessoa pior depois de todos esses pontapés que a vidinha dá na gente. eu admiro mesmo teu senso de equilíbrio. a gente é tão igual e tão diferente. e tudo se tornou tão estruturado de repente. vontade de falar contigo. eu acho que falei tudo errado. mas o resto cabe a ti julgar, reservadamente. eu não quis escrever isso através dos depoimentos, porque bem... quantos, né?! o essencial está aí. foi bom ter te visto no teu aniversário. eu pareço um zumbi nas fotos daquele dia. haha. mas foi realmente bom poder te ver melhor. e tu me protegeu. na hora eu não reconheci, mas tu me protegeu - e eu sou grata por isso, de verdade. mas enfim. não duvide de mim. fora que eu sou teimosa. então se eu digo que 'tudo bem, eu enfrento o mundo e fico do seu lado' não ouse duvidar de mim, mocinha! hááá. e a senhorita estava equivocada... eu tenho músicas do araketu, do calypso, do magal e mais umas mil bregas - e realmente me divirto com elas. a apresentação da thays... bem, foi realmente da thays. haha. ela brilhou, cara. morri de vergonha por ela. mas foi bem engraçado. ela cantou tri bem. foi uma semi-despedida da velha thays na escola. ela não seria feliz sem antes ter feito isso. claro que os motivos pelos quais ela fez isso me estressam... mas eu aprendi a não me meter nisso, né. mas mas mas isso já é outro assunto. e te cuida."


domingo, 21 de outubro de 2007

Listas.

5 coisas irritantes:

- vendedores;

- risadas e gritos histéricos;

- carros que fazem chover na calçada;

- superdebemcomavidasempre life style;

- suco com fiapo da fruta. :x

5 coisas agradáveis:

- água fresca;

- dias cinzas;

- roupa velha;

- lamber colher;

- passar a noite em claro.

5 coisas úteis:

- miojo;

- fones de ouvido;

- fórmulas matemáticas;

- boina;

- agenda.

6 coisas típicas de verão:

- axé;

- pele cheirando a protetor solar;

- mosquito;

- festas em família;

- pés;

- suor.

4 coisas típicas de inverno:

- cachecol;

- preguiça;

- café;

- romance.

5 coisas fedorentas:

- vapor de banheiro;

- plásticos de revistas;

- meias;

- banho de perfume;

- cigarro.

5 coisas broxantes:

- feijão;

- cãibra;

- pneus em humanos;

- malandragem;

- crianças talentosas.

5 coisas neutras:

- batata;

- blush;

- comédia romântica;

- música de consultório;

- camisetas.

5 coisas excitantes:

- mãos;

- armas brancas;

- lençol gelado;

- cerejas;

- escuridão.

5 coisas tristes:

- idosos;

- grãos de arroz;

- touca de banho;

- publicidade ruim;

- exageros.

5 coisas vergonhosas:

- dourado não-fosco;

- glitter;

- o elenco de Malhação;

- bife que encolhe;

- pele descascando.

5 coisas práticas:

- band-aid;

- chinelo;

- lápis preto;

- adesivos;

- guardanapo.

5 coisas geniais:

- cd;

- batedeira;

- máquina de lavar roupa;

- camisas;

- pilhas.

5 coisas trouxas:

- limpador de língua;

- chapéu de turista;

- espanador de arco-íris;

- “rsrsrsrs”;

- gola alta e barriga à mostra.


terça-feira, 16 de outubro de 2007

Parte 3.

A viagem ainda demoraria longas treze horas, contando todo o percurso que Sherobi faria após o trem chegar na estação. O céu colorido pelo sol que se recolhia. Os olhos caídos da moça, que encostara o rosto no vidro da janela, não refletiam nada: nenhuma emoção, nenhum sinal de alegria ou dor. Ela ajeitou o cachecol, apertando-o em torno de seu pescoço branco e fino.
Não estava contente com seu estado, com o rumo que as coisas tomaram, mas sentia-se satisfeita de não estar do outro lado das vidraças: o frio era tamanho que não se via ninguém pelas ruas próximas aos trilhos. Nenhuma tenda com nozes e castanhas à venda, nenhum esquilo pelo caminho, nenhum barulho que não fosse o do trem. Mesmo os passageiros estavam silenciosos. Nenhum rádio ligado, nenhuma voz, nem assobio, nem espirro.
Aos poucos, uma camada de névoa delicada começou a se cristalizar sobre a barreira transparente que dividia a cabine de Sherobi do mundo real. Não estava mais sozinha: um homem de aparência rude, com trajes marrons, que provavelmente não era da capital, sentou ao seu lado, fazendo-a encolher os braços. A mochila que estava em seu colo foi acomodada sob o assento do banco, que se revelava uma espécie de baú. Não gostou nem desgostou da companhia; sua indiferença ocupava toda a sua atenção.
O homem esticou a mão esquerda num gesto bruto e tirou do bolso da jaqueta de couro um pequeno saco de amendoins. Mastigou ruidosamente, enquanto apoiava os pés pesados sobre o banco à sua frente, onde ninguém havia sentado. A cabine de número 28 foi rapidamente preenchida com o cheiro de terra molhada que vinha das botinas do homem. A garota se incomodou com o espaço que sobrara para se escorar no encosto almofadado. Deitou a cabeça para trás e inclinou-se para ver o sujeito. Fingia estar mascando um chiclete, como se essa mania fosse capaz de intimidar as pessoas.
“Ei, você! Para onde está indo?” – Perguntou ao homem. Ele parecia ter cinqüenta, quase sessenta anos, ainda que estivesse corado e tivesse porte um tanto forte. “Vai parar na estrada de Michigami ou pretende atravessar a fronteira?”. “Como?” – Disse ele, se engasgando com o susto que levara. “O que quer saber, pirralha?”. “Oras... pirralha... há tempos não escuto isso. Saudade. Você não é mesmo da capital, como eu suspeitava.” – suspirou Sherobi, curvando-se até onde estava sua mochila. Abriu o zíper, puxou um cigarro da carteira e retomou sua postura inicial. Deixou-se cair um pouco pelo banco, de forma a privar seus olhos da visão – ou, pelo menos, da luz – que vinha da janela. Acomodou os pés no banco da frente, como o homem fizera. Este, por sua vez, estava em silêncio. Insistia numa careta rígida, como se isso o afastasse da idéia de que existia uma jovem ao seu lado, insistindo num diálogo.
“Vamos, diga o que quer. Não costumo conversar com estranhos.” – Ele disse, num tom ríspido. “Então foi isso o que sua vasta experiência de vida lhe ensinou? A não falar com estranhos?” – Ela perguntou, numa ironia que fugia da malícia da brincadeira. “Eu quero fogo, só isso. Fogo.”. “Você deveria respeitar as regras. Não é permitido fumar neste local, pirralha.” – Advertiu o velho. “Hum... outra lição de moral. Isso é uma ameaça?” – Perguntou a garota, apertando o cigarro com os lábios enquanto tateava as costas de seu casaco à procura do capuz. Vestiu-o, deixando de fora a franja e algumas mechas de seu cabelo escuro. Os olhos claros voltaram a fitar o sujeito ao seu lado. “Acaba de uma vez com isso. Me passa o fogo e estamos quites.” – Sherobi falou, como se a conversa estivesse sugando suas energias. “Quites? Eu te devo alguma coisa, garota?” – Grunhiu o velho, tirando do bolso da calça um isqueiro rústico, que parecia valer uma grande quantia. “Garota... ok, agora melhorou. Não é porque eu não me apresentei que eu sou uma estranha. Quer dizer, você já deveria me conhecer.” – Ela respondeu, inclinando-se para tocar a ponta do cigarro na pequena chama que se projetava aos olhos do homem.
“Como eu deveria te chamar?” – Admirou-se o velho, olhando com ternura por um segundo para a moça. – “Não sei porque estou te tratando bem, mas não se acostume. Você queria fogo, eu lhe dei. Agora seja breve com suas palavras e não estrague minha viagem.” – Disse ele, em voz baixa e firme. Olhava para a parede a sua frente, a divisória das cabines, feita com o mesmo material do assoalho. “Fogo... fogo é proteção. Eu pedi proteção. E sua viagem não significa nada, realmente nada. É insignificante, se compararmos o porquê de estarmos aqui...” – Lamentou ela, escondida pela sombra que o capuz projetava em sua face. “Sabe, você está certo. Nós somos estranhos, e nunca vamos nos dar bem. Eu não tenho vontade de te tratar bem.” – Num salto, ela se levantou e puxou as alças da mochila e da pequena mala que alojara numa prateleira superior ao banco. Parecia estar prestes a chorar, ainda que a expressão no seu rosto fosse de raiva.
“Espera, garota, o que está fazendo? O que está dizendo?” – Perguntou ele alarmado, equivocado com os insultos da jovem. - “Para onde está indo?”. “Para longe de você. Sabe, pensei em te seguir por Michigami, pensei em pedir para ficar na sua casa, conhecer sua esposa – se é que tem uma. Pensei em fazer parte da sua vida, mas agora eu não vejo o que me levou a vir até aqui. Estraguei a minha viagem e a sua também.” – Resmungou ela, evitando olhar o velho. Ele abrira os braços, impedindo que ela passasse ou chegasse até a porta da cabine. “O que você quer? Não vai me trancar aqui, seu velho!” – Ela berrou, voltando-se contra o homem – que imobilizou seus braços e empurrou-a no banco à sua frente.
Ao contrário do que ele esperava, ela encolheu pernas e braços e colocou a cabeça sobre as mãos. Era muito magra – magra e branca. Vestia uma saia comprida, o casaco de moletom cinza e coturnos surrados. Poderia ser confundida facilmente com qualquer drogada, menor infratora ou coisa que o valha, pois o aspecto delicado contradizia a idéia de que havia inocência naquele corpo.
O homem olhou para os lados, sem saber o que fazer. “Droga, pirralha. O que te fiz? A qualquer momento um guarda vai entrar por essa porta e te ver aí, soluçando. O que eu digo? Vão achar que eu tentei te estuprar ou coisa parecida, olha só a minha imagem!” – O velho ficou falando sozinho, perdido nas próprias idéias. Tentava entreter a garota a sua frente, não mais preocupado em se mostrar frio e intolerante, mas cuidadoso com o que suas palavras poderiam vir a causar.
“Quer um copo d’água?” – Ele perguntou, transcorridos alguns minutos. “Não.” – Sherobi disse, mais calma. Abaixou as mãos, apertando os joelhos contra seu corpo. Olhou para o chão e depois para o sujeito a sua frente. “Desculpe o transtorno. Lembrei que eu ainda não me apresentei. Você não me conhece, mas eu sou sua filha.”

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

The Importance of Being Idle

O que torna uma pessoa importante, afinal?
Claro que essa resposta é variável, ela depende da visão de cada pessoa - mas acredito que todos concordam que alcançar a fama torna-se quase um sinônimo de ganhar, de alguma forma, soberania, importância em vários sentidos - não apenas poder, mas imagem. Eu falo isso, novamente, porque fica difícil estabelecer um padrão de direitos sobre uma sociedade que aceita se diferenciar por um conceito de mídia.
Qual a diferença entre morrer em um acidente de avião ou num leito de algum hospital em condições precárias? Serão muito diferentes os cadáveres de um anônimo e de um ídolo? Comida para minhoca, sem distinção. Até hoje não me provaram o contrário. Pode soar um tanto arrogante, hipócrita ou invejoso, mas eu realmente não gosto daquelas reportagens na televisão - principalmente as que passam no final do ano, onde são narrados os crimes mais alarmantes, os mortos que mais deixarão saudades, as perdas que realmente
fizeram a diferença.
Não gosto da idéia da criação de um altar para pessoas públicas. Todos têm talento, têm alguma coisa em que se destacam, têm qualidades e imperfeições. Será que alcançar a imortalidade consiste no processo de ser capa de revista? Porque tratar diferente quem mata a sua mãe e quem mata algum grande nome do rock? Está certo, você não pode responder: não mataram a sua mãe. Nem a minha. Isso passa despercebido, como tudo o que fica distante da nossa realidade. A dor está nos olhos dos outros - e permanecerá lá, até que alcance o mundo ao nosso redor.
Catástrofes são coisas estúpidas. Eu não sinto muita pena do cara que estava num vôo que, por algum motivo, se destroçou sem deixar sobreviventes. Claro, eu não perdi ninguém assim. Isso sempre conta. Só que eu prefiro pensar no cara que nunca vai entrar num avião, porque mal tem o que comer. É, talvez isso seja apelativo. Só que eu não sei o limite, desconheço o que faz um caso ser diferente do outro. Existem contribuições que servem ao mundo inteiro? Ótimo, mas a pose de herói - por ou sem querer - é um fator que torna tudo muito inválido. Orgulho é algo muito delicado. Não acho que o volume de uma chuva de aplausos determine a import
ância de nada. Aliás, aplausos são muito infelizes. São usados em vão, para qualquer coisa pequena. Passaram a ser elogios vazios.
A morte é inevitável: isso faz o mundo renovar, a tecnologia avançar, a mentalidade fluir e evoluir. Só que faz parte da vida o processo de perda, o crescimento físico, psicológico, emocional. Se apegar a supérfluos, pessoas distantes do nosso plano real pode trazer certo conforto, porém não substitui a dependência daquilo que é concreto, que é estável e para quem também somos mais do que símbolos.
*Drama OFF*
Eu ainda gosto dos Beatles, do John, do Chapman, do Apanhador e da minha mãe. Cada um com seu papel.

(E eu sei que "idle" não é "ídolo".)
E Noergologia é um insulto ao mestre Freud!

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Sem óculos, dessa vez!

Jung, falando de ISTP:

[...] Você evita julgar as pessoas baseando-se em valores pessoais, pois sente que a formação de opiniões e de decisões deve ser feita de uma maneira imparcial, isto é, baseando-se em fatos, e não em crenças ou em outros aspectos subjetivos. Não é de sua natureza estar ciente de como você afeta os outros; você também não presta atenção e até desconfia dos seus próprios sentimentos e tenta ignorá-los, pois tem dificuldade em distinguir suas reações emocionais de suas opiniões. Essa pode ser uma área problemática para você. Quando você se encontra em situações estressantes demais você pode acabar tendo ataques emocionais de raiva, ou num outro extremo, ficar totalmente tomado de emoções e de sentimentos que você se sente obrigado em compartilhar com as pessoas (e que geralmente acabam não soando muito bem). Se você não se sentir bem, você pode começar a se aventurar no mundo de opiniões baseadas em valores – uma área nada natural para pessoas como você – e vai ficar se julgando e se remoendo pela sua incapacidade de cumprir alguma tarefa. Dessa maneira, você abordará essa tarefa com um estado emocional abalado, esperando que o pior aconteça. Você é excelente em situações de crise. Pessoas como você geralmente são ótimos atletas, pois têm uma coordenação muito boa entre os olhos e o resto do corpo. São também muito responsáveis em acompanhar o andamento dos seus projetos e em acertar detalhes que estejam faltando ser acertados. Normalmente você não tem muitos problemas com a escola, já que você é uma pessoa introvertida e que pensa com a lógica. Você é quase sempre uma pessoa paciente, embora tenha uma tendência a ter seus momentos de explosão emocional, devido à sua falta de atenção com seus próprios sentimentos. Você tem várias habilidades naturais que o tornam uma pessoa ótima para lidar com diversos tipos de coisas. No entanto, você se encontrará mais feliz quando estiver focado em tarefas voltadas à ação e que necessitam de uma análise lógica delicada e de uma alta habilidade técnica. Você se orgulha da sua habilidade de tomar os passos certos nos momentos certos. Você é otimista, cheio de animação, leal aos seus semelhantes, de desejos simples, generoso, confiável, receptivo, e não quer tomar parte de maneira alguma em compromissos que possam te confinar, ou te “deixar preso”.
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Legal, fiquei emocionada com umas coisas que aconteceram. O messenger me faz realmente feliz alguns dias. Não exatamente ele, mas as pessoas das janelinhas of course. E essa história de vestibular está subindo a minha cabeça. É muito infeliz mesmo ir tri bem numa prova e se ferrar na outra. Médias harmônicas não são nada meigas, ainda que justas.
Hoje foi tão silencioso o dia na psicóloga. Que bom que ela não arruinou meu dia cinza. Adoro dias cinzas. Eu estou pensando coisas aleatoriamente. Lembrei da era das covers de Bruna Surfistinha no Orkut. Não exatamente assim, mas era moda colocar sob fotos ou no profile algo como 'o doce veneno do escorpião'. E fazer cara de puta, claro. Que coisa chata.

Sabe, pessoas cool são muito chatas. As pop também. As uncool são piores ainda. Todo mundo tá um saco. Legal, eu tenho um 'óculos de vó' bem gordo e branco que tapa toda a minha cara. A Capricho deve estar fazendo vários editoriais de moda com isso enquanto os gatinhos adoram. Pura ironia. Eu já achei legal esse tipo de coisa. Achei mesmo. No duro (tri que continua infinitamente...). Só que né, ser original ou retrô ou o que for virou uma mania muito enjoativa. Que nem aquilo de tirar fotos, com a câmera na mão, acima da cabeça. Legal, eu também tenho uma em algum álbum. Isso não me fez mais feliz. Postei achando que mudaria minha vida, mas não mudou. Que droga essa gente usa? Eu também quero!
Na propaganda das 'musas-gladiadoras da música', da Pepsi, há um tempo atrás... por que raios colocaram a Pink! naquilo? A Britney chegou como a nova Sandy e se revelou uma gostoson
a. Depois decaiu, ok. A Beyoncé (sei lá como se escreve) tem seu valor... mas, poxa, colocar uma oxigenada de piercing no meio dessas aí não combina. Eu realmente gosto da Pink!, é sério. Mas bah, covardia. É como colocar, sei lá, a Jolie do lado da Hebe. E eu nem vou com a lata da Jolie, mas né. Certo que tinham convidado uma morena-não-mulata, para ficar um trio multi-étnico, e a tia desistiu de participar na última hora. Vai ver era até a Sheila Carvalho. Ah tri. Só sei que ela sumiu. Deve estar trabalhando no seu vigésimo ensaio para a Playboy...
Hoje de tarde eu saí com o cabelo todo torto. Mesmo. Meu cabelo já não é bom, daí eu fiz um coque daqueles bem fudidos (eu tinha que dizer isso) que a gente faz para andar em casa, com mil mechas caindo pelos lados e um topete digno de um Elvis do Recife. Tá, ficou quase meigo quando eu coloquei uns grampinhos. Adorei minha def
inição do topete. Haha. Certo que se a mãe me visse saindo, ia me impedir de sair assim. Ok, não impedir. Mas ia pentelhar muito. Fora que eu coloquei aquelas roupas super "coleção outono/inverno 1194". Do tipo roupa velha e confortável. Sei lá porque eu disse tudo isso.
E eu fiquei pensando naquilo de ser normal, de figurar uma imagem normal. Não exatamente ser educada quando eu desejo esmagar o cara na minha frente, mas bloquear reações ou ações que implicariam em caretas. Tem pessoas com quem a gente têm grande afinidade desde sempre, o que diminui muito as chances desse tipo de desconforto. Você deixa de ser espontâneo, ainda que não considere o que você pensa algo assombroso. Para quê? Evitar o julgamento alheio, é claro.
Sem puxar saco, mas uma das minhas memórias mais felizes foi num dia cinzento, na escola. Era de tarde, eu estava com um colega e, de repente, ficou claro que ele era meu amigo - e não meu "colega". Não exatamente pelo que eu vou dizer agora, mas sabe... aquilo de se sentir livre para se expressar, de não ter medo por um segundo e ser você m
esmo diante de alguém, com confiança. Uma vez na vida alguma tia de alguma loja vai te mostrar um vestido legal. Até lá, diga tchau para todas as atendentes porque é realmente raro ver isso acontecer (?). A gente estava conversando e, do nada mesmo, eu disse algo do tipo "eu quero correr". A gente estava sozinho, na quadra aberta de esportes. Quadra de esportes é um nome realmente blasé para um piso de cimento com linhas pintadas em círculos e retas. Ele levantou, sem me olhar com uma cara de dã, e a gente correu. Eu me senti realmente feliz aquele dia.
Ah sim, eu vi hoje numa loja a boneca daquela guria com Síndrome de Down, que trabalhou na penúltima novela das oito, na globo. Sei lá, apesar de não deixar de ser uma tentativa de humm tornar isso aceitável, os doentes e tudo, eu achei tão capitalista. Que nojo. Tudo vira produto. Dá até nojo de escrever um livro, ainda que com literatura a história seja diferente. É um perigo escrever Harry Potter num dia desses. Você ganha milhões, é claro, mas sei lá. Nem para colocar a cicatriz no meio da testa do ator, no filme... enfim. Perfeccionismo não combina com dinheiro rápido e fácil.

Quando eu for psicóloga eu não quero me sentir a dona da verdade. Quero continuar minhas partidas de Cancan com pessoas legais. As mesmas pessoas. Talvez bebendo cerveja. A gente cresce e bebe cerveja. Os adultos que eu vejo por aí são uns baita cervejeiros. Isso não é novidade. Eu tenho me sentido tão infantil. No sentido físico, emocional e completo da coisa. Será que eu vou poder usar jeans e all star pro resto da vida? Que droga, eu pareço uma mini-pessoa. Isso me irrita tanto. Se eu me visse - e fosse outra pessoa, mas ainda eu (?!) -, diria que eu tenho cara de que sou muito infeliz e que adoro lasanha de queijo mais do que tudo. E eu erraria, porque eu gosto mesmo é de lasanha de carne. E não sou uma completa infeliz, não. Eu reclamo, mas tenho gente legal comigo. E vale a pena cada dia, quando se tem pessoas legais.
Lindão isso, né? É que eu vi Titanic ontem. Eu sempre enjoei com a história inteira. Gosto da parte em que o navio já quebrou e a bunda dele (eu ia dizer proa, mas não sei se está certo. Tanto faz, ele é bem popozudo) está descendo, na vertical, rumo ao infinito maravilhoso e medonho que é o oceano Pacífico. Tri que é outro oceano e eu não sei (y). Mas eu prestei atenção ontem, em alguns detalhes. Tem muita fala repetida. Mas são as clássicas e lindas situações de "se você pular eu pulo / não soltarei sua mão" e coisas assim. Puxa, eles foram até o fim juntos, e ela morreu como ele queria. Que lindão. Eu fiquei pensando nisso, nisso e numas conversas antigas com a Anita. A gente ficou falando sobre 'Amor' na educação
física. Eu não lembro mais o que eu disse, porque acho que mudei de opinião. O que que a gente faz quando 'o amor da nossa vida' morre? O que eu sonhei não foi parecido, mas sei lá. Andam acontecendo coincidências demais na minha vida...
E eu aqui desejando que o dia de amanhã chegue logo... E, talvez, um pouco estressada com isso de formatura. Isso também faz eu me sentir como uma adolescente. Eu não sou adulta, mas não gosto de me sentir assim. Eu não tenho esse espírito de jovem. Parece que eu não tenho voz nem cabeça. Vou sentir falta de jogar handball, de me irritar com as pancadas que a gente leva jogando, de xingar todo mundo e depois rir disso.
Ah, pára! Achei esse post tão engraçado... :)


terça-feira, 9 de outubro de 2007

Fim de Tarde

O homem pegou a mão da criança, que, com um salto, desceu do bonde de encontro ao chão.
O fluxo de pessoas era contínuo.
Flores falsas embecavam os chapéus das madames.
Meninas, mulheres, moças e senhoras tagarelavam rodeadas pela fumaça dos charutos dos homens.
A tarde agradável escondia os deslizes de cada indivíduo presente na paisagem.

Analisando de forma mais cuidadosa, via-se olhos tristes, preocupados, vivos ou pretensiosos, que se misturavam no vai-e-vem de andarilhos.
Um velho, de traje simples e sujo, desenhava com carvão os desconhecidos.
O cabelo cor de fogo da viúva, o machucado nos ombros de um qualquer, o chá quente nos lábios das damas.
Café, café para o banqueiro.

Seria uma cena perfeita, porém não existe cor.
Cada traço vive dentro de seu universo infinito de nuances, que o degradê do giz proporciona.
O que é escuro só é notado quando desbota.
O bonde parte, levando pessoas de bem.
Pessoas com um bem maior do que o consideram.
Paralelo a Rua das Margaridas, de onde vem o burburinho, uma caixa de madeira é carregada, rumo à terra.


segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Bullying

Segundo a Wikipédia:

"Bullying é um termo de origem inglesa utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (bully) ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz de se defender. A palavra "Bully" significa "valentão", o autor das agressões. A vítima, ou alvo, é a que sofre os efeitos delas. Também existem as vítimas/agressoras, ou autores/alvos, que em determinados momentos cometem agressões, porém também são vítimas de bullying pela turma.
Alguns exemplos das técnicas de bullying:

- Insultar a vítima; acusar sistematicamente a vítima de não servir para nada.
- Ataques físicos repetidos contra uma pessoa, seja contra o corpo dela ou propriedade.
- Interferir com a propriedade pessoal de uma pessoa, livros ou material escolar, roupas etc, danificando-os ou fazendo pilhérias por meio deles sobre um indivíduo, de qualquer forma.
- Espalhar rumores negativos e fofocas sobre a vítima. - Depreciar a vítima sem qualquer motivo.
- Fazer com que a vítima faça o que ela não quer, valendo-se de ameaças para se assegurar que a vítima seguirá as ordens.
- Colocar a vítima em situação problemática com alguém (geralmente, uma autoridade), ou conseguir uma ação disciplinar contra a vítima, por ato que ela não cometeu ou que foi exagerado pelo bully.
- Fazer comentários depreciativos sobre a família de uma pessoa (particularmente a mãe), sobre o local de moradia de alguém, aparência pessoal, orientação sexual, religião, raça, nível de renda, nacionalidade ou qualquer outra inferioridade depreendida da qual o bully tenha tomado ciência.
- Isolamento social da vítima.
- Usar as tecnologias de informação para praticar o cyberbullying (criar páginas falsas sobre a vítima em sites de relacionamento etc).
- Chantagem.
- Expressões ameaçadoras.
- Grafitagem depreciativa.
- Usar de sarcasmo evidente para se passar por amigo (para alguém de fora) enquanto assegura o controle e a posição em relação à vítima (isto ocorre com freqüência logo após o bully avaliar que a pessoa é uma "vítima perfeita").
Conseqüências sobre a vítima:
- Depressão Reativa, uma forma de depressão clínica causada por eventos exógenos
- Estresse de desordem pós-traumática
- Tornar-se também um agressor
- Ansiedade
- Problemas gástricos
- Dores não-especificadas
- Perda de auto-estima
- Medo de expressar emoções
- Problemas de relacionamento
- Abuso de drogas e álcool
- Auto-mutilação
- Suicídio (também
conhecido como bullycídio)"
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e, nessas horas, não há muita razão em ser racional mesmo. bem Jigsaw. do tipo "tem gente que não merece viver". muita raiva de muita gente. e, de fato, o melhor ano da escola é o último mesmo... mais próximo do fim. conviver com gente ignorante me cansa muito. falando realmente com ar de "uiuiui", porque eu odeio todo mundo.
e foda-se minha psicóloga.
porque quando alguém diz "orientação" sexual, o som que ecoa não é "opção".
e vou lá comer bolotinhas açucaradas e ver Mr. Bean. ;)