quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
último post de 2009
domingo, 24 de maio de 2009
in my life...
Nossa, o Mercury cantando Bohemian Rhapsody me remete ao filme aquele da fábrica de chocolate. Ah, o último post foi tão deprimente. Escrever com uma pessoa te chutando do computador é realmente desagradável. Não ando com muita paciência ultimamente, mas isso é realmente justificável. De maneira geral, acho que as coisas vão melhorar. É, eu espero que sim. Continuarei sem muita paciência, mas terei gratificações por isso. Não exatamente por "estar impaciente"... enfim. Sabe, estou numa fase boa da vida. Primeiro semestre de faculdade, ao que me parece, é sempre do mesmo jeito para (quase) todo mundo. Minha psicóloga (só tive uma e parei de vê-la há um tempo) se equivocou nas suas previsões sobre meu infeliz destino. Mas ela não teve culpa, a tendência é mesmo eu ivyzar tudo. Acho que a ação do meu verbo, tentando interpretá-la como sendo algo bom e ruim, seria algo do tipo (olha a viagem...) "tirar da frente o visível / focalizar o interno". Ok, muito pouco modesto da minha parte e muito coisa de psicólogo. Mas, ah, eu realmente acho que estrago as coisas quando começo com isso. E ao mesmo tempo é o que eu sei fazer e, ainda que estrague as coisas, é o que me faz bem. Digo não gosto de estragar, mas enfim. Ok, lamentável. Depois da aula de sexta, segui de carro (não, não fui dirigindo ou algo assim) para um lugar não exatamente distante do mundo real, mas realmente bom para matar o tempo pensando em várias coisas - várias mesmo. Eu realmente gosto de ficar deitada olhando pro teto ou pra fora da janela. Devo parecer tri pastel, haha. Pior que eu tenho uma cara realmente pastel. Prefiro que isso não seja comentado, mas enfim. Haha. Ok. Bah, vi no Jô uma mulher que eu achei muito engraçada e fiquei dando risadas aleatórias durante o dia. Hoje vi um gambá tão bonitinho, mas fofinho mesmo. E dois tucanos que faziam barulhos esquisitinhos. Sabe, acho meio platônica demais essa idéia de abandonar "tudo" e ir morar no meio do mato definitivamente. Não falo de coisas do tipo "precisamos de internet" ou, sei lá, "no interior, não tem as fábricas de calcinha do centro da cidade" (dã), mas sei lá... é uma realidade bonitinha para quem se criou nesse ambiente. Eu penso em morar numa cidade menor, aquela coisa de filme, de ser um velhinho feliz ou poder criar seus filhos "com mais liberdade e segurança", mas acharia esquisito lidar com o passar das horas de forma tão diferente: sabe, ainda uso relógio e despertador. Não me guio pelo sol. Eu pareço uma ignorante por falar as coisas desse modo, mas é claro que foi uma explicação um tanto resumida. Eu estou ouvindo músicas ótimas e pensando no que eu pensei durante a maioria do tempo em que estive out. Sabe, eu devo parecer ser meio ingrata, do tipo que é uma boa companhia (eu escrevi campainha...) só quando me convém. Meus exemplos para negar isso são dramáticos demais para caber aqui. Eu fico triste quando percebo que não passo 'segurança' nas minhas relações - digo, eu sou confiável mas eu mesma induzo o planeta a pensar o contrário. Até eu acredito mais no outro lado da história, eu acho. Capaz. Eu não sei até que ponto o passado realmente deixa de ser relevante. E não sei até que ponto minhas explicações são necessárias e convincentes. Quer dizer, por mais que sejamos um jogo de publicidade o tempo todo ao nos comunicarmos com as pessoas e 'vendermos' nossas idéias, eu realmente falo abertamente com uma dose de inocência que, muitas vezes, me deixa 'em maus lençóis'. Essa expressão é tão infeliz, haha. Gosto de passar horas argumentando sobre os meus conflitos e os dos outros, só tenho medo de que meu lado complicado realmente fique se exibindo... ele gosta de aparecer em momentos indevidos. Quando eu declaro aqui que uma coisa é ficção é porque, realmente, a cena não existiu. Eu não seria indelicada de retratar algo ruim com tanta clareza por aqui... digo "ruim" porque a maioria dos meus textos não são exatamente felizes. Gosto de discussões (não necessariamente "brigas"), do duelo entre razão e emoção - não que eu consiga ou tente passar isso pra cá (er...), mas realmente gosto. E tenho um pouco de repulsa por essa aspiração à alegria. Acho que podemos ser laranjas, podemos ter várias cores, mas não precisamos e nem devemos ter essa pretensão de viver isso o tempo todo. Como qualquer coisa na vida, que, em exagero, compromete o prazer. (Nossa, me senti meio Alexandre Pires escrevendo isso - na nova fase, não na era do bigodinho...) Mas, no fundo, é bem assim. Bem assim. Acho que foram duros comigo e não pouparam palavras - e pra sempre vou ter um nojinho da idéia de que "porque todo mundo faz alguma coisa eu faço também". Mesmo que, por vezes, eu compartilhe dela e, entre outras coisas, isso me torne uma hipócrita. Haha palavra forte, hun? É, eu andei pensando umas bobagens. Sabe, tem coisas que são julgadas como crime porque é mais fácil "a vítima" se declarar vítima do que aceitar que é culpada também. Ou porque não existe culpado, não existe um regimento... Tem um filme que eu gosto que fala um pouquinho disso. Quer dizer, que culpa você tem se, depois de casado, você conhece uma mulher casada e se apaixona? Tudo bem, a penalidade vai para as coisas que provavelmente aconteceram às escondidas... mas, ainda assim, é idiota: a ex-mulher do cara vai estar se sentindo uma merda porque ele já não sente o mesmo amor por ela - e a revolta toda vem desse ponto. Quer dizer, o cara não 'quis' se apaixonar. Enfim, eu estou falando de forma meio babaca, não queria que esse fosse o exemplo (peguei a idéia do filme, onde - aparentemente - foi amor à primeira vista... ou sou eu que estou sonolenta). Enfim, não disse nada com nada, mas acho que consegui expressar um pouquinho da minha angústia. Ando chateada com umas coisas. Quero dizer, comigo também. Não sei até que ponto é egoísmo tentar ser feliz 'apesar do outro estar infeliz'. Eu tinha lido uma vez que a gente ama 'apesar de' a pessoa ser assim ou assada e que, por isso, o amor e etc. é uma coisa bonita. Não, acho que não tinha esse desfecho. Mas enfim, eu acredito nisso. Tanto é que eu admiro pessoas com defeitos, de carne, osso e gordurinha. Com cabelos, sem cabelos, exóticas, estereotipadas... enfim, eu gosto de pessoas de verdade - como foi escrito há pouco... Eu me preocupo com pessoas que, teoricamente, "já passaram". Quero que a maioria delas seja feliz, muito feliz. E não gosto de como as coisas se perderam ao longo do tempo, digo a profundidade das coisas: "ficar", namorar, casar... não sei, ainda soa esquisito pra mim porque não se trata de uma linguagem universal. Eu, Ivy, só "fico" com pessoas que eu conheço e 'gosto' - não coleciono pulseirinhas da festa do beijo ou esse tipo de coisa. Meio adaptada e pretensiosa, mas ainda sou romântica em alguns aspectos. Dispenso as flores, mas aceito o cartão. (Achei essa frase tão boa, sério! Pena que possa ser interpretada como 'cartão-de-crédito'... não, ninguém faria isso por aqui, né?) That's it. Esse texto foi embalado basicamente por "In my life (Beatles)" e "Sea of Love (Cat Power)", então não poderia sair menos melado do que isso. 'Dispenso as flores, mas aceito o cartão'... Adorei.
Ps: essa foto ficou assustadora, mas azar.
domingo, 7 de dezembro de 2008
Das coisas que eu não entendo
Eu acho que nunca vou entender - e eu não vou fazer o menor esforço para chegar perto disso - o que faz alguém trocar coisas certas e, sei lá, concretas, que realmente importam, pelo incerto, que não oferece garantias. Eu não falo de ousar, arriscar, fazer uma mundança radical na vida, mas simplesmente aplicar o que se aprende.
No fundo, a verdade é que as pessoas funcionam umas com as outras ou não. Simples assim. Um olhar torto no primeiro encontro mudaria tudo, mas ainda assim não seria definitivo. É difícil encontrar gente que pense parecido. Não exatamente "pensar" no sentido de querer salvar o mundo com uma ONG ou ter a mesma cor como favorita, mas pensar no sentido mais ação da coisa. Por mais que opostos se atraiam, as semelhanças sempre serão necessárias para a harmonia da relação. E, cada vez mais, eu vejo que dias e dias dialogando sobre como agir, na mais profunda paz, não substituirão o conforto que é não precisar explicar nada, só sair fazendo. Tipo aquela coisa de tu ver uma situação inusitada e olhar para o teu amigo na mesma hora em que ele te olha: por mais comum e inocente que isso seja, a sintonia no comportamento explica muita coisa.
Amizade é pra ser assim, confortável. Jogar videogame de moleton, comendo algum salgadinho fedorento e tendo a liberdade de falar o que quiser, sem se preocupar com opiniões divergentes. Às vezes, enxe o saco aquela coisa de falar manso e evitar se destacar porque isso pode ser entendido de maneira errônea por alguém. Incrivelmente, a ditadura ainda existe, infiltrada nessas pequenas condições das relações humanas. Como aquelas campanhas de televisão, que buscam de alguma forma trazer informação ou minimizar o preconceito com algum assunto... elas podem englobar muita gente, mas ainda assim não são cento por cento eficientes. Hoje, prevalecem os grupos. Grupos variados, grupos de qualquer coisa - mas, ainda assim, alguma coisa que sirva de critério para unir pessoas diversas. E quando surge algum questionamento, ainda que em tom de dúvida e não de crítica, ele é visto como uma ameaça e, muitas vezes de forma sutil, o membro é afastado para longe, depois para bem longe, até estar seguramente distante. É como se às pessoas fossem frutas podres e tivessem que se unir em espécies, mas de maneira menos orgânica.
Eu tinha intenção de falar que a vida é engraçada e que me cansa ter que falar com os outros (não todos) como se eles fossem crianças, daquele modo "deixa que a mamãe te ajuda", em que, notado qualquer sinal de beiço, se deve voltar atrás e fazer de novo a cortina do paraíso cair sobre a realidade. Simplesmente não flui.
E tem coisas que eu prefiro nem entender, porque concordar com elas seria negar a minha inocência diante dos fatos. Quisera eu me passar por ingênua ao invés de ignorante. Mas não sou eu quem decide isso. E eu me sinto um metro e meio de angústia quando as minhas palavras não chegam nem perto da consciência de quem deveria ouví-las.
sábado, 27 de setembro de 2008
Reset
O preço de viver num passado de coisas imperfeitas é se obrigar a aceitar que nem tudo é como se deseja. Só isso: aceitar que, por maior que seja o esforço ou a vontade, nem sempre os resultados são reflexos do que foi sonhado. E o não sair dessa condição, desse espaço estacionado no tempo, só faz aumentar a angústia de não entender algumas verdades. As raízes crescem, então, e lá estão os pés fixos ao chão, incapazes de saírem do lugar - ou sequer projetar uma sombra sobre o que ficou. Começar de novo, remodelar os pensamentos de modo que o que foi vivido não interfira como um medo ou uma ferida é um processo na maioria das vezes lento - e tantas e tantas vezes impossível.
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Às vezes eu acho que as pessoas não têm noção de como tudo pode ser facilitado. O problema não está nela ou nele, mas no conjunto de coisas que interfere no comportamento de ambos. Nem tudo é reversível, é claro, mas o poder de amenizar não é restrito nem proibido. Se eu ajo de tal modo e faço com que minhas ações sejam invisíveis ou insuficientes não quer dizer que eu não queira tornar melhor o resultado final - só acho que existe falta de boa vontade de outrém. Eu não gosto do senso comum - um pouco por valorizar meu cérebro, um pouco por teimosia. O dia que eu almejar ser igual a todo mundo estarei assinando meu atestado de ninguém. O que eu quero dizer é que existem detalhes que não devem ser interpretados como defeitos por fugirem do padrão. A porta para a liberdade de ir e vir existe - e a única maneira de fechá-la é não vê-la.
Eu estou aqui, como sempre estive. No mesmo lugar, com os tênis na mesma lama e os cadarços com os mesmos nós. Não faz diferença a intensidade do vento: eu nem sei pra onde e se vou. E pouco importa se o dia está ensolarado ou cinzento, pouco importa a ordem dos fatos: o que passou é imutável, irremediável, inesquecível e imperfeito. Perfeito seria se tivesse um fim - mas os fins são para os grandes enredos, para as histórias recheadas de bravos homens e monstros inescrupulosos. E, por enquanto, não vi nem um nem outro por aqui. Eu não sou a donzela em perigo, nem o cavaleiro que vai salvar alguém. Nem ninguém tão previsível e simplório. E, muito mais importante do que a minha identidade, é o sentimento que existe por trás de cada palavra. Mas eu não posso culpar ninguém por tentar mudar a situação, por maior que seja a teimosia. O preço de viver num passado de coisas imperfeitas é se obrigar a aceitar que nem tudo é como se deseja.
terça-feira, 19 de agosto de 2008
Fuckhoroscope
Oh god... Não sei se fui eu que não reparava muito, mas as pessoas parecem tão mais generalizadas. Ok, não é neste sentido que deve ter soado: todo mundo está tão mais feliz se descrevendo com coisas comuns e vagas. Eu gosto de astrologia, gosto mesmo, mas ouvir sobre isso o tempo todo é muito irritante. Principalmente quem justifica todas as atitudes e características e papapá com esse artefato. Conhecimento de horóscopo de jornal é algo lindo, mas só para quem escreve as besteirinhas nos quadrinhos. Que merda. Eu nem ia falar disso, mas já que eu me lembrei de alguns fatos resolvi comentar. Como se todos os taurinos fossem do mesmo jeito, só os cancerianos pudessem fugir para o lado emo da força e essa coisa toda. "Ah, ela é de gêmeos, né cara? Tinha que ser duas-caras." - quem merece isso? Que perseguição do diabo, que neura. E aquela propaganda toda no Orkut (veja como sou quente hein, o meu signo é foguentinho). Que coisa bizarra. Tá, eu juro que queria ter feito algo melhor do que só jogar essa reclamação aqui. Mas eu vou deixar tudo um trapo mesmo, afinal eu sou teimosa, né? Sabe como são essas arianas...
terça-feira, 5 de agosto de 2008
Relationships.
Não que eu ignore os princípios da poligamia, mas eu realmente vejo as coisas a partir de suas interações com outras, duas a duas - e, mesmo num sistema onde as trocas sejam mútuas entre mais indivíduos, a situação das duplas está presente integralmente em cada núcleo. Num mundo onde a máquina tende a dominar o homem, seu criador, não entendo como este não se mostra eficiente no controle de suas ações e julgamentos - a evolução do ser racional parece não abranger todas as áreas dos seus pensamentos. Falar em emoções é mais fácil do que compreender o universo que as envolve, porém de nada custa observar alguns fatos desse amor mundano a que todos estão acostumados a presenciar.
Se antes o casamento selava um acordo entre nobres por razões claramente econômicas, com o tempo recebeu o ar do romantismo merecido, ganhando espaço no sonho das virgens inocentes e outras mulheres não menos dignas: uma pitada de religião ao ciclo da vida. Nada mais comum do que procurar alguém para dividir as contas do fim do mês, a cama e as eternas conversas - infinitas até que a morte os separe, para realizar a façanha de ter filhos e concretizar planos que não saíram do papel por falta de motivação. No fundo, o casamento é um fruto do desespero, um ato rotineiro e vazio que busca estabilizar certezas que, bem, não são certas. Prometer amar alguém diante de todas as situações, ao longo dos anos, por motivos momentâneos - e ainda assinar por isso - é algo que realmente deveria ser levado a sério, ainda que beire a loucura. Independente da existência de um deus, as pessoas temem a maneira como vão morrer, se estarão sozinhas, quem se importará, essas coisas... Assumir o compromisso de eterno companheirismo tem o poder de confortar, ainda que hoje em dia seja muito mais recompensador se ver livre de um relacionamento do gênero... Enfim.
O casamento não encontra mais base na sociedade que vem sendo construída e isso pode ser visto na imaturidade e na forma precoce com que jovens e experts no assunto se relacionam. Desde muito cedo, por motivos diversos, cada pessoa cultua a outra como se fosse um produto descartável, às vezes útil, às vezes invisível, o que está presente em várias relações. A intensidade do problema é maior quando o indivíduo busca como aliados pequenos sintomas de seu descontrole, entre os quais o famoso ciúme e desejo de reabastecer seu ego com bons e novos elogios. O jogo de receber cuidados é perigoso, uma vez que nem sempre o encantamento é recíproco. Ainda assim, mesmo nos casos onde ambos os envolvidos se dizem apaixonados, não é raro o tratamento de "propriedade privada" que um recebe do outro - a velha história de querer ser o um entre um milhão, de não se contentar em ser o escolhido e tratar todo o resto como inimigos na guerra. Nasce, então, um sentimento de insegurança que, quando não é suprimido, é alimentado por uma série de acontecimentos muitas vezes irrelevantes e que, mal interpretados, dão início aos abalos na relação do casal.
Em outras palavras, é realmente irônica a experiência de exigir da "pessoa amada" algumas mudanças, bem como afastá-la de sua vida social - uma vez que somos todos uma mistura de valores e sensações, de preto e branco, o que pode ser defeito para uns tende a ser bem-visto por olhos diferentes e exigir perfeição de alguém, em qualquer hipótese, é sinônimo de se afastar a passos largos da possibilidade dessa existir. A idéia de moldar algo a seu gosto é viável, mas somente para coisas inanimadas. Resquícios de experiências passadas podem ilustrar essa idéia.
As pessoas se habituaram a falar o "para sempre" o tempo todo, a não pensar que o amanhã traz impossibilidades - ou que nem este sempre chega. Agem com tanta simplicidade ao reclamarem dos problemas que tem que enfrentar ao longo dessas interações humanas, mas ignoram que desprezam a razão em momentos oportunos. É mais fácil ouvir o coração, o som do perigo, desarmar as preocupações com a certeza de que as imprudências sempre são saborosas - até provar do amargo, do azedo, do lado podre das emoções. Primeiro, o auto-conhecimento, depois o descobrimento do outro, do sexo oposto (ou não), do diferente, do que pode te complementar ou desestruturar: as coisas andam acontecendo de forma invertida, formando-se primeiro os laços para depois perceber os nós.
Sufocar o outro é uma das conseqüências de um problema puramente individual, onde o indivíduo deve ser capaz de perceber em si os erros a serem corrigidos. O homem não está mais acostumado a dividir, uma vez que desde cedo é ensinado a crescer diante dos medos, a enfrentá-los bravamente, sem tomar conhecimento de sua origem - podando o mal ao invés de arrancar-lhe as raízes. E, então, são cada vez mais numerosas as famosas desilusões, que tanto inspiram músicos e outros artistas, mais incompreensíveis e perturbadores os desfarces que algumas mentiras encarnam e, óbvio, mais frios e rápidos os relacionamentos. São crianças que brincam de adulto e adultos que insistem em serem crianças: a bagunça já está formada.
Uma das razões para a incompatibilidade é o famoso egoísmo - mas, em tempos de felicidade, ceder não parece ser uma tarefa árdua. Defender idéias também não é perigo quando se sabe com quem está lidando e o que está sendo dito - acredito que muitas confusões vem da não-reflexão das futuras situações inesperadas (cabe nessa chave a vantagem do auto-conhecimento). Como última coisa a ser observada, nada é mais importante do que a tão discutida confiança - que se estabelece com o tempo e a certeza involuntária e ímpar de cada um da dupla.
Eu espero não ver mais sujeitos enrolados com fios no programa da Márcia, respondendo se traiu ou não a esposa, nem testes banais em revistas de meninas sobre a fidelidade ou a veracidade dos sentimentos "do gato por você", mas isso é apenas um daqueles desejos que estão bem longe da realidade. Até lá ainda vou ouvir muito sobre adolescentes e seus anéis de compromisso discutindo na parada de ônibus sobre a loira oferecida da festa de sexta ou coisa parecida. Nunca se sabe quais novos "problemas de casal" irão surgir - o que é certo é que, independente de suas naturezas, se acumularão sobre os já citados e tardarão a oferecerem a possibilidade de um adeus (tão nobres quanto os casamento das fábulas).
quinta-feira, 24 de julho de 2008
Copos se quebram todos os dias.
Pode até ser que a grandeza de uma pessoa seja reconhecida no modo como ela se levanta, mas essa idéia é manjada demais. Assoar o nariz em público pode dizer muito mais, uma vez que entram em jogo a necessidade e falta de privacidade, o que faz com que o sujeito se reprima de forma a tentar ser o mais breve e silencioso possível, uma vez que os demais não aprovam o gesto geralmente. Ou não. Grande merda também. Quer dizer, eu não entendo esse drama todo. Viva os índios de novo! Não esconder as "vergonhas", como diriam os portugueses, tampouco fazer escândalo de coisas tão cotidianas (tá, eu não tenho base alguma para falar disso, nem tenho saco para continuar).
Essa coisa de grupo, amigos unidos, etc. pode ser muito bonitinha e tudo o mais, porém - andei pensando - e realmente não acho necessária a existência integral desse convívio (? - ok, vocês entenderam). Esta não é exatamente uma promoção da autosuficiência, mas da independência em suas devidas proporções. Minhas palavras não estão me agradando por hoje e eu estou tentando ser o menos fria possível. No fundo, esse emaranhado de sentimentos pode ser ainda resquício de tetos anteriores, onde a idéia do coletivo se chocava com o individual.
Eu gosto de ser sozinha; eu cresci assim. Não que eu queira dar início a um drama, mas eu brincava sozinha e coisas assim, então não é difícil - muito pelo contrário - me ver bem nessa situação. Não se trata de "negar" amigos, mas preferir o meu jeito, o meu mundo, o meu ritmo sem interrupções. Egoísmo em parte, por nem sempre buscar o outro lado da moeda, mas ainda assim um hábito inofensivo. E, do mesmo jeito que isso não é entendido na maioria dos casos, não sou eu quem vai entender aquela vida de profunda alegria, mil estranhos conhecidos em volta, agitação, stress e mundo compartilhado. Sinceramente? Eu vejo tudo isso com desgosto, muito desgosto. Talvez nem tanto. Só não gosto das afirmações de que minha vida é em vão se eu não fizer isso ou aquilo. De novo: grande merda. No mínimo, respeito pelas diferenças. Não resolvendo, todos os golpes de artes marciais que você aprendeu ao longo da vida, seja na tevê ou com alguém, podem ser postos em prática. Ou não.
E eu cansei de repensar atitudes, tentar mudar conceitos, aceitar que "tudo poderia ser melhor se eu me portasse de outra forma". Ao invés de me ensinar a me comprometer, aprenda a não se importar. Não falo de indiferença, mas falta de dependência - ainda mais quando as coisas não são sólidas. Eu sinto falta do que pode me preencher, não do que pode vir a sobrar. Eu preciso de ar, preciso de tempo que alimente a saudade. Preciso do que é original e não me causa chaga sofrer abuso de quem aprecio. Mas está cada vez mais raro o gosto de apreciar...
Aliás, o filme do Coringa foi tipo assim eternizado.
segunda-feira, 9 de junho de 2008
Bocejo.
Às vezes eu penso que nem me lendo eu entendo o que eu quero dizer com certas coisas. Tentar me explicar, principalmente citando meus erros, parece funcionar como um auto-flagelo falso, que me livra de maiores pesos na consciência. Não gosto de estar familiarizada com pedaços de mim que insistem em me fazer colocar em risco. Minha cabeça de fantasias já não diferencia o que foi real e o que não passou de sonho. Não sei se meu conforto em me posicionar como egoísta orgulhosa não passa de mais medo.
Fingir não se importar não torna a vida mais fácil.
Mas e daí?!
quarta-feira, 21 de maio de 2008
Olhar Crítico
Eu não sei o que se passa: pensei que talvez fosse a falta de um espelho, mas eu me conheço bem o bastante, reconheço os meus defeitos. Sem cerimônia. Acontece que eu não gosto quando algo ou alguém tira de mim (a exclusividade de) algumas ações (ou funções). Quer dizer, não era essa a minha idéia inicial dos fatos... Se eu não gosto de uma determinada característica de um amigo meu eu não vou ficar feliz em ter isso como semelhança entre eu e um estranho qualquer. É quase como se eu tivesse o direito de não gostar, mas o dever de proteger quem está do meu lado (?). Esse foi meu primeiro pensamento. Depois, horas depois, sabendo que talvez soasse meio falso o primeiro, pensei numa segunda justificativa: é bom ter inimigos íntimos (seja lá o que isso quer dizer - me pareceu tão interessante, huhu...). A velha história de que não existe felicidade em duelar com uma pessoa fraca - tá, se existe mais de um predador pra mesma presa a moral da história passa a ser a estratégia, onde não se tira um olho da presa, mas se colocam os dois sobre o oponente (?). Ok, acordei falando grego.
Ah, eu fico de mau-humor por qualquer coisa. E, principalmente em dias 'cinzas', a tendência é não só observar as pessoas com o intuito de decifrá-las, mas algo do tipo "vou te desmascarar, magrão" - e nisso se enumeram uma série de defeitos sobre o pobre tio que cruzou comigo na rua, por exemplo. É nojento mesmo, eu reconheço. E eu não faço isso como uma alternativa de inflar o ego, a partir do momento em que eu reconheço pontos negativos nos outros. Eu prefiro pensar que eu apenas falo o que muita gente deixa quieto. No fundo, metade das coisas não feitas ou não ditas são por medo de repreensões bobas, do tipo "nossa, que feio o que você disse/fez, Fulaninho".
segunda-feira, 19 de maio de 2008
A História de Estella.
O cigarro pressionado entre os lábios bem desenhados, as mãos bonitas ao redor do isqueiro. Fogo, luz fraca e fumaça.
- E aí, como foi?
- Como foi o quê?
- Como assim "o quê?", você sabe...
Lençóis bagunçados; o sujeito se arrastando, beijando as coxas dela.
- Ah, pára com isso.
Ela se levantou, os olhos fixos nas vidraças.
- Não gostou?
- Seria melhor sem essa pergunta.
Pelos buracos da persiana rústica, viu uma mulher com uma criança descerem de um carro azul.
- Ah, volta pra cá. Tá frio, volta.
- Eu não sinto frio.
- É claro que você não está com frio, você ainda está quente...
- Eu disse que eu não sinto frio.
- Cruzes, Estella. Você não sente nada.
Fumaça, o cigarro entre os dedos. Chutou para cima a calça jeans do chão, pegando-a no ar com a mão desocupada. Tal movimento era um hábito.
- Já vai embora? Como assim, onde você vai?
- Eu vou sair. Eu não moro aqui, daqui a pouco sua mulher chega.
- Não, ela vai para a outra casa. Essa daqui está em desuso, você sabe. Eu te disse para ficar aqui de vez e você não quis.
- Eu não quero fazer mais parte da sua vida do que você faz da minha.
Ele se levantou, ainda sem roupas, procurando pisar nos chinelos de couro marrom. Abriu os braços, sugerindo um abraço - que lhe foi negado.
- Você tem ciúmes, é isso?
- Não. Só que eu não preciso disso, eu tenho a minha casa, eu pago as minhas contas. Eu não transo contigo para ganhar recompensas.
- Ah, então pelo menos você gosta.
- Me poupe, Fernando.
Os pés descalços, a mão no telefone.
- Sabe o número de algum ponto de táxi?
- Ah, pára com isso, eu te deixo em casa.
- Não, eu vou sozinha. Só me consegue um copo de alguma coisa.
- Whisky?
- Qualquer coisa.
- Água.
- Que seja. Não, não me abraça. Eu estou irritada.
- Eu sei, eu vi que você se alterou... mas o que houve? Te machuquei?
- Não, é claro que não. Olha só o seu pinto.
- O que tem ele?
- Nada, eu só disse para você olhar.
Risada breve.
- Não é engraçado como vocês, homens, se preocupam com isso? Metade do tempo é consumido pelo toque, a outra metade pela boca. Isso daí é o de menos, e vocês julgam o mais importante.
- Ah, agora você virou feminista... na hora em que...
- Cala a boca e pega a água.
Calçou os tênis sem meia, não estava afim de procurá-las pelo quarto grande e cheio de papéis.
- Eu te levo, está frio. Só me deixa colocar uma camisa.
- Eu vou sozinha.
Bateu o copo na escrivaninha, o que despertou a ira do homem.
- Vem cá, o que está havendo? Eu sempre te tratei bem, você está agindo como uma menina mimada.
- Vai dizer o que, que eu não tenho educação?
- Também.
- Vindo de você isso é realmente engraçado.
Bebeu o resto da água que não fora arremessada para fora do copo.
- Te incomoda o fato de eu ter outra mulher, é isso.
- Me incomoda o fato de eu não ter o que fazer. Eu estou entediada, cansada dessa vidinha mais ou menos. Não gosto de estar contigo, como estou fazendo, não gosto das nossas conversas sem conteúdo, que sempre acabam na cama, de maneira depressiva.
- Depressiva?
Pegou o sutiã do chão, amassando-o para dentro da pequena bolsa de verniz preto. Vestiu uma regata bege que puxou de dentro do armário, na qual veio enrolado um cachecol antigo cor-de-vinho.
- Está frio lá fora, você não vai só com isso. Leva um casaco, depois você me devolve.
- Eu não vou mais te ver.
A fumaça sendo modelada pelos lábios voluptuosos vermelhos.
- Decidiu isso agora, do nada?
- Sei lá. Você por acaso gosta da minha companhia ou não faria diferença se eu fosse outra qualquer?
- Que bobagem, Estella, é claro que eu gosto!
Socou os cabelos longos para dentro da blusa, penteando a franja morena para trás, com os dedos.
- Você é tão bonita, tão atraente, tão sexy. Tá, não me olha assim, eu não quis dizer só isso... sabe, você é superinteressante, provavelmente a garota mais legal que eu já conheci.
- Ah, conta outra.
- É sério... tá, você vai me perguntar sobre o meu casamento com a Suzane, mas eu já cansei de falar que...
- Ela está doente, ela é paranóica, ela isso e aquilo. Vem cá, eu quero ouvir alguma coisa sem ser comparada com ninguém.
- Tudo bem, então. Você é... especial. Diferente.
- Diferente?
- Diferente.
- Ok, e como?
- Diferente como uma garota diferente, ué.
- Diferente como uma garota qualquer diferente, é isso que você quer dizer. Eu sou igual a qualquer uma.
Amassou a bagana contra o rodapé, manchando a parede com as cinzas ralas.
- Ah, não estraga...
- Você tem dinheiro disponível mesmo, não vai fazer diferença se sua mulher não vem aqui olhar.
- Tá, espera, não sai correndo.
- Eu te esperei colocar a camisa e você não fez nada.
- Tá frio... fecha a porta.
- Porque eu deveria ficar se eu tenho mais o que fazer?
Os olhos se cruzaram, sérios e cansados. Silêncio, sem fumaça. Apenas perfume, o perfume dos amantes.
- Última vez. É de verdade então?
- É.
- Eu não sei como agir, eu nunca fiz isso antes. Eu deveria me despedir?
- Não seja ridículo, nós não temos um caso de amor.
- Mas eu gosto de ti.
- Fazer listinhas e enumerar qualidades... isso não torna ninguém especial.
- Qual seria a melhor resposta?
- É simples: você gosta de mim porque eu sou eu.
Ele riu brevemente, mas o gesto não foi acompanhado.
- Aristóteles?
- Você é mais velho mas não tem maturidade mesmo. Eu não me enganei.
- Hey, eu prometo que vou te tirar dessa... espera só mais um pouco...
- Mas eu não quero ser sua mulher. Eu estou cheia, você não entendeu? E não é só de você não, é de tudo. Eu tenho que tomar um rumo.
Silêncio, olhos baixos.
- Quer um café?
- Não. Foi assim que tudo começou, há dois anos, com essa mesma frase.
Olhos tristes.
- Foi porque eu não te liguei na virada do ano?
- Foi porque o meu coração nunca bateu.
- Eu sinto muito se...
- Não, você não sente. Mas a culpa não é sua, porque eu não sinto também.
- Então está tudo resolvido, tão simples assim?
- É.
Barulho de um celular vibrando sobre um móvel.
- É a Suzane...
- Tudo bem, atende.
- Só não vai embora, eu falo rapidinho com ela.
As falsas declarações de saudade de Fernando foram a última coisa que Estella ouvira antes de bater a porta da frente da casa. O viu na janela, os olhos por entre os buracos da persiana, as mãos agitadas num gesto desesperado, pedindo que ela o esperasse concluir a ligação.
Saiu andando sem rumo, sentindo o frio gelar os pulmões. Não estava satisfeita com a vida que levava, com a certeza de que era um tapa-buracos na vida dos outros - e este era o seu papel, o tempo todo. Não só na cama, mas em todos os momentos se sentia incapaz de alcançar a própria satisfação. Cigarros vazios, assobios vazios, abraços sem calor, diálogos que não diziam nada.
Talvez estivesse na hora de repensar conceitos, traçar planos, mas um carro preto parou ao seu lado, rente a calçada.
- Eu disse para você me esperar, Estella... que teimosia.
"Vou começar mudando de nome". Seguiu indiferente até a quadra seguinte, ignorando o fato de estar sendo seguida.
terça-feira, 13 de maio de 2008
Tópico dos Tópicos
Olá.
Eu estou estudando. Estudando, estudando, estudando. Não, não é tanto quanto parece: eu também durmo, como, tomo banho, tenho tarefas domésticas, tenho que me locomover até o cursinho para assistir aulas (eu sei que é óbvio, mas eu queria acrescentar coisas), até o estúdio de dança do ventre (onde, bem... eu danço - háá, te peguei nessa, ein!), até o curso de inglês, até algum lugar mais que eu resolva ir fazer alguma coisa. Sim, eu tenho orkut e flog, eu vejo pessoas, eu converso com elas, eu me preocupo igualmente.
Eu falo isso porque, para alguns, parece que eu sumi do mapa, fugi pro Afeganistão, sei lá. É da minha natureza ficar quieta, esquecer de levantar a bandeira branca, essas coisas... quer dizer, o tempo passa e, aparentemente, eu sigo na minha inércia. Eu realmente não devo parecer interessante (momento 'me elogiem por favor', sabe?), mas acontece que não existe muita magia em fazer as coisas nesse ritmo rápido que a maioria adora. Não, eu ainda não me transformei num Garfield, apenas acredito que eu deva me portar como me sinto bem.
Eu vou repetir uma série de coisas que, deve ser chato, eu já disse umas quantas vezes - se não foi por aqui, foi ao vivo: desde a história do não procurar pessoas até, quem sabe, aquele papinho (gírias de tiozinho) sobre relacionamentos. Começando pelo tópico do telefone...
* Tópico do Telefone:
Eu gosto de ter o número do celular das pessoas para ligar para elas, sabendo que quem vai atender vai ser uma voz felizmente reconhecível e não um estranho com uma voz bizarra que, com certeza, pensa o mesmo de mim. Raramente ligo para a casa das pessoas, ou melhor: eu raramente ligo. Não que eu não goste de longas conversas do outro lado da linha, mas eu perdi o hábito e já não sei mais conversar assim como antes. Quer dizer, existe um pouco de apreensão também, porque eu nunca sei quando o outro vai ter que desligar. A conta do telefone agradece.
* Tópico do "Eu te amo":
Não, eu não sou efusiva. E existe aquilo de - comunidade do orkut - "não mostrar não é sinônimo de não sentir", não com essas palavras. (Pausa para o 'Tópico do Sinônimo')
* Tópico do Sinônimo:
Eu adoro dizer sinônimo, desde que eu aprendi o que isso significava. Provavelmente, 88% (oitooo!!!) dos meus textos contêm essa ilustre palavra. Eu não vou abrir um outro tópico para dizer que eu adoro inventar estatísticas e não fiz nenhuma faculdade para isso, o que não quer dizer que eu esteja errada...
* Tópico do "Eu te amo" (2):
Eu sou toda dramática e essas coisas, amigos próximos convivem bem com isso (não que os demais não convivam bem - eles simplesmente não convivem, hãhã). Para mim é realmente diferente o significado de vocábulos como 'amar' e 'gostar' (momento brega), então não confunda o que eu digo e não teremos problemas (eu adoro esse tipo de coisa que a gente fala e se sente um xerife de filme). Não é um hábito elogiar pessoas ou querer o bem delas, nem novidade nenhuma que eu prefiro esse tipo de declaração ao vivo e a cores - ou num pedaço de papel, não necessariamente expresso em letras. Tá, eu tentei expressar que imagens podem valer mais ou tanto quanto palavras, mas não fui muito feliz e, de repente, ficou meio 'materialista' - o que não é a intenção.
* Tópico do Outono:
De repente, é minha estação favorita. Fica frio, existem folhas lindas no chão e, enfim, eu acho realmente poético. (Primavera me irrita, Verão nem se fala...) Eu gosto de dias em cinza e sépia. E cachecóis.
* Tópico das Discussões Musicais:
Me deixe constrangida falando de artistas que eu não conheço e são sucessos mundiais. Eu só não sei falar muito sobre - porque eu escuto coisas aleatórias, não tenho nem idéia de quem são ou foram os cantores, tenho poucos álbuns completos e, por sinal, não sei muitas letras decoradas. Cifras então... Mas eu aceito alegremente sugestões e me arrisco a sugerir também.
* Tópico da Confiança:
Hahaha. Eu confio em quem eu acredito que confia em mim e me respeita. Acredito que todos têm uma pirâmide e comigo não é diferente. Sou uma pessoa de poucos e bons, como todo mundo acredita ser...
* Tópico da Impaciência:
Gente polar demais me irrita, gente neutra exageradamente também. Mas nada como um "já acordo sorrindo, vida loka e fé em deus" para acabar com meu bom-humor.
* Tópico da Independência:
Eu sei que eu dependo dos meus pais e essa coisa toda. Até por isso prefiro me comportar como a filha mais certinha ou algo que o valha, não me acho no direito de agir como uma inconseqüente enquanto não sou capaz de responder (sozinha) por isso.
* Tópico da Distância:
Adoro. Acho extremamente necessária para acalmar o enjôo entre as pessoas, preservar a nobre saudade (que revela quem é importante ou não), deixar o indivíduo respirar, pensar, viver do jeito que é, sozinho.
* Tópico do "Não procuro ninguém":
Eu estou há mil anos planejando falar com pessoas que há tempos não vejo. Posso estar numa posição confortável esperando um alô delas ao invés de tentar ao menos fazer um sinal com fumaça, sei lá. Mas eu compreendo o porquê de eu ser assim e não acho que eu saiba explicar de uma maneira que quem lê entenda (é claro que eu estou tentando mostrar um lado positivo de mim ao dizer essas coisas todas, não imagine que eu estou muito feliz aqui digitando sobre o que consideram meus defeitos). Já tentei ser mais acessível, dar um oi mesmo não estando muito inspirada, mas eu odeio esse tipo de coisa. Ou as coisas são espontâneas ou não são: eu não saio do meu conforto para viver mentiras, francamente.
* Tópico da Pressão/Cobrança:
Eu me orgulho muito - mas muito - de não ter pressionado ninguém (se aparecerem respostas contrárias a isso, peço o exame de DNA - ?). Eu detesto que me cobrem alguma coisa, detesto. Qualquer coisa feita por obrigação sai mal feita, porque a pessoa não está nem um pouco afim de fazer e acaba pouco se importando com o resultado final. Não tenho intenção de dar nenhuma indireta com esse texto (vou repetir isso no final, para reforçar). Acho o cúmulo exigir atenção e essas coisas, sejam elas carinho (?) ou demonstrações de afeto ou consideração de qualquer espécie. Até por isso tenho minhas dúvidas quanto a existência da verdadeira generosidade (você sempre espera algo em troca)...
* Tópico das Caveiras da Short Fuse:
Não, eu não aprecio Dark Cute Style: ou tu é tr00 ou tu é bixa, mas caveiras com lacinhos rosas e afins não me agradam. E manda a Hello Kitty pro céu, não pro inferno ganhar chifrinhos - como em camisetas. (Han han)
* Tópico de "Os homens são todos iguais":
Eu estou longe de ser feminista, longe também desse padrão de pensamento de garotas em bando. Ok, eu desenvolvo um assunto sobre isso outra hora... só quis dizer que estou longe de analisar todos genericamente.
* Tópico das Traições:
Eu sigo acreditando que trair em pensamento é pior do que o ato físico, que todos são movidos por razões - ainda que isso pareça desproporcional, que cada caso é um caso e que as merdas entre duas pessoas são resultantes da interação delas e seus problemas (ou seja, se são duas cabeças pensantes a culpa não é de uma só, se é que existe culpa).
* Tópico das Camisinhas:
Providenciarei um abaixo-assinado ao governo do estado implorando para que as camisinhas encontradas na Redenção sejam revertidas em fundos para alguma coisa produtiva - aquilo lá tá um nojo.
* Tópico do Miguxês:
Eu falo português e espero reciprocidade.
* Tópico do Moletom:
As pessoas ficam tão bonitas e gordinhas e quentinhas com eles, que são tão confortáveis. Aiai, adoro!
* Tópico da Sinceridade:
Quando me perguntam uma coisa ou, enfim, eu falo, eu sou sincera - fazer o contrário seria, inclusive, perda de tempo. Então eu não gosto que insistam em se aprofundar nisso numa tentativa de colher provas contra mim, seja lá o que isso quer dizer. Eu já falei algo a respeito, talvez contraditório, sobre esconder certas coisas que eu sei que não serão compreendidas.
* Tópico das "Indiretas":
Eu estou muito satisfeita, não estou trovando ninguém - até porque eu não costumo fazer isso. Portanto, não quero ter que usar a velha frase banana "sou legal, não estou te dando mole". Se eu falo demais ou faço parecer alguma coisa é um ponto de vista, que por sinal eu não compartilho. E eu não acredito num relacionamento a três (ou mais) quando o afeto só acontece entre dois. Sim, eu resolvi escrever e me irritei na metade do caminho, então estou me comunicando de forma grosseira.
Enfim. Depois eu posto algo decente, tenho que estudar. Isso não foi uma indireta para ninguém (falar isso já é uma contradição, mas tudo bem...). Eu apaguei o que estava escrevendo antes, talvez seguisse pela linha cômica e não me deixasse de mau-humor. Mas a culpa é minha e do carro de amaciante que tá dando voltas na quadra há umas vinte horas.
segunda-feira, 5 de maio de 2008
Lobo
- Eu te odeio! ...Eu quero entender porque você sempre faz isso, sempre!
- Isso o quê?
- Você me afoga, me afoga e depois me salva. Então, sorri para mim, como se eu tivesse obrigação de estar satisfeito.
- Eu não entendo do que você reclama. Você pede ajuda e eu nunca me nego a ajudar.
- Você se oferece, é assim que você consegue as coisas. Se oferece em doses, se oferece até se tornar rara. E, então, eu não te encontro mais... em lugar algum.
- Nesses dias nem eu mesma me encontro. Você sabe disso, sempre soube.
- Eu não sei mais o que pensar. Se eu estou bem, você me deixa tão mal. E me faz tão bem ao mesmo tempo.
- Eu não tenho culpa de você sentir as coisas desse seu jeito estranho. Tudo o que eu posso fazer é não fazê-lo sentir, sumir por aí até que as coisas se resolvam.
- Fugir. Você não percebe que é o que sempre faz? Você foge, foge correndo até um porto que lhe pareça seguro. Desaparece como um navio no mar e, depois que eu já me acostumei com toda a dor da sua ausência, você volta e começa tudo de novo.
- O que você espera de mim? Se eu não gosto de você tanto quanto você espera, o que eu tenho que fazer? Eu já tentei de tudo, eu só quero viver a minha vida.
- Longe ou perto de mim?
- Com distância suficiente.
- Suficiente?
- Eu não gosto de saber que você sente minha falta, mas é perda de tempo eu ficar te anestesiando com minhas mentiras disfarçadas. Palavras são como pílulas: podem se tornar um vício, escassas, podem te curar em minutos, podem te enganar também.
- Às vezes eu gostaria de não te entender, minha querida.
- Tanto faz, você nunca entende. Apenas acha que o faz.
- Porque você diz isso?
- Porque você é um tolo. Desses tolos apaixonados de filme, que idolatram tudo o que eu falo sem perceber a maldade que existe por trás. Eu te quero bem, mas não te quero. Você finge para si mesmo que entende, porque não suporta o pensamento de que você está sozinho no mundo e a única pessoa por quem você...
- Você não é a única. Nunca foi.
- 17:51. Está anoitecendo. Então, é agora que você levanta o rosto e resolve se mostrar indiferente?
- Você é fria, é fria porque é nojenta. É egoísta, é cega, é imoral.
- Eu não preciso de moral.
- Você diz isso porque não sabe o valor de um olhar sincero. Sempre mentiu por diversão.
- Não, eu não me divirto com essas besteiras. Sinceramente, você me dá pena.
- Vai embora agora? Fugir como você sempre faz?
- Qualquer passo para longe é sinônimo de fugir, pra você?
- Foi tudo o que eu aprendi.
- Ok. Chega. Não vamos nos desviar do assunto inicial...
- Você estava dizendo que as pessoas precisam de relações falsas para se sentirem...
- ...se sentirem completas. Elas sabem que estão em um ninho de cobras, que ninguém dali se importa realmente, mas elas precisam dessa afirmação de que número é qualidade.
- Tá, então você disse que confia mesmo em duas pessoas...
- Três.
- E a sua lista de nomes?
- É uma lista de nomes, ora. São palavras, não pessoas. Você ouviu o que eu disse sobre as pílulas.
- Ok, entendi. E você, nessa vida de andarilho, não sente falta das coisas que passaram?
- As coisas passam, passam o tempo todo. Eu estou tentando me desfazer das memórias que eu não gosto, como todos geralmente fazem, mas eu não sou boa nisso.
- Você é boa em fazer os outros esquecerem. Talvez exista alguém que te faça esquecer também.
- Mas, sabe, esquecer é um crime. É como se eu apagasse parte de mim, como se eu não tivesse vivido realmente o tempo que eu esqueci.
- Você não vai lembrar que ele existiu.
- Mas ele existiu. Os meus olhos viram. Eu não posso esquecer algo que é só meu, que ninguém tem igual. É tão precioso...
- Você vem e vai e você é esquecida. Faça o mesmo com os outros. Esperei ouvir isso de você.
- Não, não, nunca. Eu gosto de pensar que eu superei. Seria fraca se não enfrentasse tudo de frente.
- Atitudes nobres não servem de armadura. Seu peito parece apedrejado.
- E o que entende você disso? Você que chora por uma pessoa que sequer...
- Eu não preciso que você goste de mim para eu existir.
- E todo o drama de cair e levantar, o que foi aquilo?
- Eu estou dizendo que eu sei que você vai me salvar. Vai passar a vida me chutando, mas vai me curar também. Só que eu não tenho poderes, não tenho nada que consiga vencer essa sua barreira gelada.
- Você fala dela, mas eu a desconheço. Para mim, as pessoas são todas insuficientes, só isso.
- O que não te deixa triste te irrita. Isso é errado.
- Não é errado! Eu fico entendiada com o que não me traz emoção.
- Você fala em aproveitar, fala das coisas pequenas, dos sabores e dos defeitos e esquece que você também é feita disso.
- Eu sei falar das coisas que eu gosto.
- Se concentra no que você é.
- Eu não tenho que ouvir uma pessoa que está abaixo de mim.
- Então agora eu estou abaixo?
- Você está atirado aos meus pés, como sempre. Você está cego pela imagem que você idealiza de mim. Eu não sou a cereja do bolo, eu fujo porque não sinto sua falta. Eu volto porque gosto que você dependa de mim.
- Acabou?
- Não. Eu não sei qual é a minha motivação. E a partir do momento que eu for embora de vez você também não vai saber.
- Ah, como eu gostaria de não te entender... Porque você acha que eu quero tanto te fazer ficar?
- Achei que você precisasse de mim.
- Você precisa que alguém precise de você. É isso que te faz ficar. Você se prende nessas memórias todas, com medo de ser esquecida como você é incapaz de fazer. Você é deprimente porque você não foge disso, não busca o real sentido, apenas se conforta com as lamentações passadas. Você tem medo de mudar e...
- ...ser esquecida. Pelo menos você eu sei que não vai me esquecer.
- Mas eu estou ficando enjoado! Foi por isso que te chamei aqui, para dizer que o amor que eu sentia está se transformando em cinzas.
- Você está me deixando.
- Não.
- Você vai fugir, vai fugir! Você encontrou o que queria, você sugou de mim o que precisava e agora está fugindo com as minhas coisas!
- Eu vou ficar do seu lado até minha doença passar. Não quero te fazer sofrer o que eu sofro.
- Você me enganou. Disse que estava fraco esse tempo todo e agora me faz precisar das suas pílulas.
- Eu não vou te sufocar de novo. Estaremos suficientemente longe um do outro.
- O que eu faço? Você me deixou no chão, me ensinou a ser transparente e agora me violenta por eu não saber me esconder.
- Não é verdade, minha querida. Não é verdade.
- Você contou para alguém? Disse o que eu fiz?
- Eu sou impulsivo, você sabe... mas não há possibilidade disso se espalhar por aí.
- Você é bobinho, é claro que a minha máscara caiu. Você confia nas pessoas desconfiando e não sabe esconder isso. Logo, elas sentem o cheiro do perigo, da desconfiança e acham que você é perigoso, que não podem confiar em você.
- Eu não sou assim com todo mundo. E nem todos têm teus olhos de gavião.
- Eu deveria correr. Você me faz mal, eu deveria fugir de você.
- Você sequer pertence a mim. Não há o que temer, você ainda é uma mentirosa. Eu não acredito no seu drama, minha querida.
- É claro que não, você é cego. Tão cego que precisa de mim até os ossos. Eu poderia roubar seu dinheiro, te abandonar sangrando na estrada e você ainda se lembraria de mim com um sorriso doce nos lábios.
- E ainda não se sente amada?
- Não. Porque não é natural. Você gosta de mim porque eu quero que goste.
- Sua última tentativa de se tornar insuportável foi um fracasso.
- Qual o meu problema afinal?
- Eu já te disse: você não tem rumo. E vai continuar dando rodeios até que seus tropeços lhe ensinem a caminhar.
- Você fala bonito, mas sai tudo da boca pra fora.
- Talvez você seja incapaz de entender as pessoas. Agora me ocorreu essa idéia... de que você só escuta, escuta animada porque é incapaz de ver as coisas da mesma maneira, de viver no mesmo mundo.
- E se for verdade? E se tudo que eu quisesse era não me sentir um marca-texto entre as canetas esferográficas?
- Eu não te acho nada convicente. Achei que gostasse de ser o centro das atenções.
- Eu queria alguém como eu.
- Você não confiaria totalmente nessa pessoa.
- Nem ela em mim. Estaríamos quites.
- Você deve se desprender das coisas que a marcaram, para que novas tenham chance de te preencher.
- E se eu sentir vontade de fugir no meio do caminho?
- Vá. Mas sem culpa.
segunda-feira, 28 de abril de 2008
Seqüelas.
- Você vai viver esse luto para sempre?
- Mas eu morri várias e várias vezes, não foi só aquela vez.
- Ah, por favor. Veja tudo o que você já conquistou, o tempo que ainda lhe falta...
- E o que eu conquistei?
- Pessoas. Pessoas, muitas pessoas. E eu não falo só nesse sentido, você sabe... Acho que é um dom que você tem, sabe, essa coisa toda de saber falar.
- Se eu tenho um dom porque eu nunca sei o que falar? Porque eu invento coisas para me livrar da agonia que é o silêncio numa conversa?
- Ah, não me afogue em perguntas, eu estou tentando ajudar!
- Mas você mente. Todos mentem!
- Não é verdade, eu só quero seu bem...
- As pessoas estão acostumadas a pensar que fazem o bem quando falam essas merdas. Não me olha assim, você entende o que eu estou falando, você sabe muito bem o que eu penso dessa coisa de sair distribuindo conselhos e elogios. Eu não te pedi nada, nada!
- Mas é natural que a gente queira ajudar quem a gente gosta...
- Então seria natural dizer a verdade sempre. Eu não gosto desse olhar fraterno. Fraterno e falso. É uma falsa piedade, é uma coisa que você e todo mundo espera que seja retribuído, não é despretensioso como vocês fazem parecer.
- Mas... quanta bobagem!
- Bobagem? Eu só estou pedindo para ficar sozinho, absorto nos pensamentos. Eu não quero você neles, não quero ouvir sua voz me dizendo que eu tenho que sorrir e esquecer as coisas que me deixam assim.
- Ficar alterado não faz bem à ninguém.
- Mas eu tenho esse direito, não tenho? Me responde, eu não tenho?
- Eu tentei, ok? Eu juro que tentei te dar a mão, mas você insiste em ficar amargurado nesse seu mundinho...
- Isso! Você entendeu, você entendeu! Eu quero o meu tempo de volta pra mim, só isso.
- Mas você sabe que vai ficar remoendo essas velhas histórias e que o passado não volta, a gente não pode consertar as coisas depois que elas já...
- Por favor!
- Está bem. Você já ouviu o que eu penso à respeito... acho que ela agiu feito uma idiota, mas você também deixou a desejar... fora que...
- PÁRA. Que merda!
- Não precisa gritar...
- Mas você não me escuta, que saco.
- Eu achei que você fosse mais controlado.
- Ninguém se controla quando existe alguém insuportável por perto.
- Então é assim que você me vê?
- Quase. Agora sim, porque eu estou irritado. Por favor, vá embora. Eu não quero me arrepender de mais coisas do que eu já... você conhece a minha lista.
- Olha, não carregue mais esse peso... Não é necessário, as coisas já passaram. E são irreversíveis.
- Onde você estava com a cabeça quando disse que eu sei falar com as pessoas?
- Ah, você sabe... você é legal.
- Legal? Que papo é esse agora? Não me encha de elogios toscos, seja direta!
- Eu te acho superarrogante na maior parte do tempo, mas você sabe ser amável também. Eu admiro isso.
- Todos são assim, é a lei da sobrevivência.
- Então nada do que eu te disse adiantou?
- Não.
- Você é assim... inabalável?
- Não. Só que, como você mesma falou, a gente não pode consertar as coisas depois que elas já... enfim, você sabe que eu não tenho conserto.
quarta-feira, 2 de abril de 2008
eighteen
Estou sem saco para montar textos "legais". Legal, tenho dois dias para cometer um crime. Eu vou fazer dezoitão na sexta e isso não vai mudar em nada a minha vida. Só se eu quiser muito fazer algo ilegal ou pedirem minha carteira de identidade em algum lugar, para informar o que minha cara de criança não diz. Quer dizer, eu continuo a mesmo garota né. Acordei meio em cima da hora, comi duas bananas e desci para o meu destino bonito de ônibus lotado, pernadinha e cursinho. Eu fiquei irritada porque arranharam (pela vigésima vez) o carro da minha mãe, sendo que ele voltou sábado para casa, novinho em folha. Eu realmente odeio pessoas que fazem isso e 99% dos moradores do meu condomínio. Não vou prolongar isso. Vou dedicar um post para comentar os problemas a serem enfrentados num único ônibus (mochilas, má vontade, crianças, novatos, enfim). No fundo, vou ser sempre extremista com as pessoas. Elas merecem isso. Quer dizer, metade das pessoas só finge ser alguma coisa. E, quem é realmente algo, escolhe ser algo totalmente desprezível. Sim, se quiser me inclua nelas. Fora do assunto, mas eu realmente tenho preconceito com o curso de Biblioteconomia e meninas muito feias. Fiquei falando disso hoje. Sério, mulheres têm muito mais recursos a serem utilizados, muito mais formas de hum... aflorarem a beleza exterior e papapá. No armário delas não precisam existir somente calças e camisetões, elas têm muito mais liberdade! E e e... sei lá, conseguem ser muito feias. Tipo não existe desculpa. Seja machismo ou o que for, não gosto. E eu tentei conversar com gente que não vejo há algum tempo. Pela primeira vez, isso de 'aniversário' me deixou realmente aborrecida. Quer dizer, não é aquilo de tratar isso como o Voldemort é tratado em Hogwarts (comparações a la Harry Potter são tudo, neám)... eu acho uma data estranha porque, por um dia na vida, você se vê obrigado a viver em algo totalmente vocêcentrista. Ah, eu fico meio paranóica. Tipo primeira menstruação, que tu anda na rua escondendo a bunda (porque parece que todo mundo sabe e que vai existir uma mancha gigante e vermelha na calça). Ok, eu sei que não deve ter sido gostoso de ler isso. Nem em escrever, acreditem. "Parabéns pra você" é uma musiquinha infeliz. Eu só não gosto de como todo mundo te adora no dia das comemorações e depois te trata normalmente. Fora que, se existe comemoration, é porque eu estou promovendo um encontro de estranhos para meu bel-prazer, o que eu considero totalmente egoísta e esquisito. Mas nada contra aniversários alheios, of course. Tá, e estão mexendo com a minha cabeça. Milhões de re-marcações. Minha agenda está muito estranha. E eu não quero ouvir coisas como "ah, isso que tu nem trabalha" ou "ai, ser jovem é que é bom". Eu vou ficar um século estudando para o vestibular, para chegar no dia e atravessar a cidade por causa de uma prova que possivelmente vai me deixar irritada e fazer eu me sentir burra. Quer dizer, existe a preparação... em termos de morrer lendo livros chatos e realmente estudar e, claro, o negócio psicológico... Claro que eu não quero morrer tentando, prefiro me contentar com a idéia de conseguir o que eu quero num futuro não distante. Enfim, estou meio blé. Eu fiquei um tempo conversando com o tio da locadora (de filmes) outro dia e foi bom, me senti amigável. Quer dizer, offline eu não me forço para parecer uma pessoa legal. Eu ajo normalmente, não vejo sentido em ser total legal com uma pessoa que nem sei quem é. Falando em humanos de novo (ah tri), me lembrei de algo que me revolta em dobro: coisas óbvias no Orkut (não que eu esteja livre delas, mas...). "O que não suporto: falsidade, mentira e traição.". Sério, que coisa mais repugnante. E eu ainda tenho que extrair meus sisos! Tudo culpa do aniversário.
quarta-feira, 5 de março de 2008
Depois do erro, a Redenção...
Não, eu não vou te falar tudo o que eu penso sem ter certeza de que eu vou saber usar as palavras certas (não necessariamente fazer do monólogo um eufemismo, mas saber traduzir meus reais sentimentos), de que você será racional o bastante para não reagir impulsivamente e, claro, de que você quer realmente saber tudo o que eu penso. Não que eu me veja como uma arma mortífera, mas eu não faço questão de parecer nenhuma flor. Já colecionei comentários do gênero "oh, você é muito fechada", embora eu tenha me surpreendido com a maioria deles. Eu sou total passiva para algumas coisas e, apesar de falar até demais, sou realmente "total ouvidos" para grande parte do mundo. Não me importo com isso - acho um tanto divertido e interessante tentar ver as coisas pelos olhos alheios. O problema em ser sincero é que ninguém está preparado realmente para isso. Tudo bem, eu deixo a sensibilidade de lado muitas vezes (grande merda): sinal de que eu sou uma pessoa descontrolada ou, no mínimo, humana (esse adjetivo tem realmente duplo sentido). Cansa ser meiga o tempo todo (não que eu seja, foi só uma colocação). Sabendo disso, eu ignoro qualquer pedido aleatório que exige mais palavras do que eu quero expor. Eu tenho medo do meu mau-humor e da minha falta de tolerância. Detesto mencionar discussões, odeio gritos, odeio esse sentimento de poder que satisfaz quem ri por último. Sim, eu rôo unhas, exagero na comida, me descabelo e tenho quase um infarto durante esses períodos estressantes (não estou falando de tpm) onde o contato com os outros se torna indesejável e sinônimo de indiretas ou diretas desconcertantes. Eu sei que eu sou covarde para muita coisa, mas realmente acho golpe baixo a maioria das atitudes de adolescentes revoltados. Tudo bem, me permiti entrar num momento nostálgico e reafirmar que meu passado foi uma droga. Sim, eu costumava dizer muito do que eu pensava e, quando alguns laços já estão abalados, expressar infelicidade é realmente fatal. Acho ridícula uma série de coisas, acho mesmo. Não sou possessiva com ninguém, só não gosto muito de observar meus amigos. Eu não interfiro na vida deles, só não gosto de ver o rumo de algumas coisas. Existe aquilo de estar sempre ao lado de quem você gosta, defendendo-o sempre e chutando-o quando necessário. Existe ciúme e existe carinho. Já cansei há muito tempo daquelas situações infantis, onde o grau de amizade entre duas ou mais pessoas varia de acordo com o dia. Ou é ou não é. Não tenho mais paciência para repetir os mesmos conselhos, até porque não acho que alguém deva segui-los. Só que, se eu continuo com o mesmo raciocínio, não é o tempo que vai mudar minha opinião. Às vezes, enche o saco substituir tantas pessoas ausentes (eu não gosto de como isso soa mesquinha). Legal, eu atendi o seu telefonema de madrugada. Isso não deveria ser uma novidade. Não gosto de gente que se impressiona com esse tipo de coisa. Quer dizer, o que te levaria a pensar que eu não te atenderia? Puxa, eu já fui tão mais dócil e banana. Eu mudei mesmo quando desconfiaram da minha verdade. Não, eu não chorei por isso nem achei a maior injustiça. As pessoas têm direito de confiar em quem quiser. Só acho que desperdicei algum tempo sem saber - sempre mantendo a idéia do não-arrependimento. Eu sempre gostei da palavra lealdade. Até agora, acho que só tive realmente essa relação de Harry e Dumbledore com uma pessoa. Eu tento ser a mesma chata de sempre para não decepcionar ninguém. Me sinto deveras doente quando se forma uma distância, ainda que eu não tenha o hábito de correr atrás de tudo e buscar um final feliz. Observar mudanças é um ato um tanto estranho: você nunca sabe o que está por vir. Pretendo não perder muita gente, mas também não tenho muito o que fazer. Não sou do tipo que faz campanhas comoventes ou reuniões forçadas para a alegria geral. Eu não sei não buscar olhares, logo, cruzar com pessoas desprezíveis é algo realmente angustiante. Enquanto eu sinto o desejo de apagar algumas lembranças, sinto um pouco de sede. Vontade de falar tanta coisa para tanta gente... mas preciso ter certezas antes de abrir a boca.
Cinzeiro
Depois de um tempo, você aprende a respeitar as diferenças - ainda que não entenda o que se passa na cabeça alheia. Reconhece que seus amigos não são perfeitos - e eles também encontram alguns de seus defeitos (existem sempre aqueles que, conscientemente ou não, mantemos escondidos). Cria vícios a partir de medos que ainda não te incomodaram o bastante para merecerem atenção, oscila entre o ódio e o amor-próprio (que não são sentimentos muito diferentes), conhece gente nova e mais uma vez prefere a companhia de um velho amigo (mesmo que vocês não sejam mais os mesmos e que as piadas tenham sido, em parte, substituídas por resmungos e comentários que entregam a idade).
Não tô mais afim de escrever essa baboseira.
