quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Apagão

De repente, eu já falei disso por aqui. Quer dizer, eu escrevi about em uma comunidade falida, dessas onde a foto e a descrição são péssimas, talvez escritas num mix de letras maiúsculas e minúsculas, com o número de membros inferior a cinco. É... faz tempo que eu falei disso. Aconteceu em Bento [Gonçalves], na casa de uma amiga minha. Quando a gente viajava pra lá, costumava ficar na casa da avó dela, que tinha um jardim florido e falava colonês. É realmente engraçado lembrar de certas coisas... tipo ela me xingando em italiano e oferecendo polenta num horário bizarro. Ah sim, ela acordava realmente cedo para ver a missa na televisão. Era muito engraçado. A gente dormia tri tarde e acordava com os passos da velha no assoalho. Ela era realmente fofa e baixa - vejam que eu não devo ter crescido muito de lá pra cá (sobre meu crescimento ou a falta dele eu falo em outro post).
Nem sei há quantos anos atrás isso ocorreu... eu sei que a casa era realmente digna de filme. Ela era preta por fora (wow!) e grande. Quer dizer, eu não sei o quão grande ela era, porque dava muito medo de andar por lá. Entendam que eu estava na idade de reunir amigas para ver Pânico e coisas do gênero. Agora ignorem isso e valorizem o lado cagado que todo mundo tem ou deveria ter, como sinal de bem... humanidade (ou sensibilidade). A casa foi comprada com a mobília, que por sinal era bem bonita. Por dentro também era escura, com os móveis escuros e antigos. Cara, tinha tudo clássico: cortinas gigantes, espelhos do nada, mil portas e salas escondidas, vidros embaçados, portas vai-e-vem, vermelhos do nada, carpete, tapetões, sofás de couro, muito marrom e preto, um banheiro enorme, com cortininha e banheira e, enfim... não lembro se tinha um piano preto ou isso já é obra da minha imaginação, mas não duvido: tinha uma coisa que não era mesa na ponta de uma das salas ( um caixão! digo...). E aqueles lustres lindos de cristalzinho. Sério, cara, estantes maravilhosas e 'penteadeiras'. Muito próprio para cenário de filme.
Quem estava lá? Eu (dã), a garota-minha amiga-"dona" da casa e mais duas meninas, os pais da garota, a irmã dela
(que, modéstia parte, tem um nome lindo...), que é uns cinco anos mais velha que ela, e o respectivo namorado. As mocinhas moravam em Bento mesmo e uma delas não queria dormir lá nem a pau. Tipo a gente chegou e ficou muito com cara de bunda, porque ficamos um tempo sozinhas e era realmente muito escuro e silencioso e grande. E tiveram momentos de dar sustos, então não me animei muito. Cara, espelhos no corredor são coisas muito intimidantes. Tinha uma parte iluminada lá que eu nem quis pisar. Onde tinha o tanque e o setor de vidraças embaçadas. Uma garota se assustou com uma lagartixa quando a gente passou por lá. Enfim, nem a dona do lugar estava muito à vontade. A gente ficou brincando de experimentar sapatos amarelos e outras roupas bizarras que tinham no armário. Acho que eram da avó dela. Chegamos a comer algo, brincar de esconde-esconde na sala. Fiquei com medo mesmo quando minha amiga resolveu encarnar uma sei-lá-o-quê. Aquilo de parecer uma morta, andar toda errada e falar toda sombria, com uma boneca feia na mão. Cara, lá tinham bonecas horríveis. Muito medo de todas elas. Nossa, eu sou cagada pra caralho, mas não seria muito diferente com ninguém, te garanto.
Eu sei que os "adultos" chegaram e, sei lá, do nada começou uma brincadeira que foi durar horas. Eu não lembro o que eles tinham na mão - acho que lanternas. A gente (grupo das quatro meninas indefesas) se armou com cabos de vassouras e coisas do gênero. Tipo um esconde-esconde com pega-pega, porque todos recuavam e avançavam e corriam. A gente correu da garagem até algum lugar que eu não sei o que era, no escuro total. A única luz vinha das frestas das portas (quatro, nessa sala: duas lado a lado, uma na parede oposta e outra do ladinho). Devia ser um depósito, sei lá. Era na altura da garagem, abaixo dos andares (no final eu não entendi, talvez a casa tivesse três andares). Fiquei bem feliz quando saí de lá. Enfim... correria e gritos pra lá e pra cá. Era realmente divertido, apesar de ser desconfortável. Tipo tu tá morrendo de medo, mas sabe que não tem porquê e que, enfim, são pessoas legais e tu tá acompanhado das tuas amigas. E correndo.
O momento-chave foi depois de muito tempo, quando a gente entrou no tal lugar e os adultos fizeram silêncio total. A coisa mais estranha é tu não saber onde está, tipo sem ver e nem ter entrado lá antes. A gente sabia que os quatro estavam por ali... se eles fossem gênios teriam se dividido... daí começou... barulho em uma porta. "Ohh, eles estão lá." Na porta da garagem não poderia ter ninguém, afinal a gente veio de lá. Se a gente quisesse se esconder (?) ou sei lá ainda teriam duas portas fechadas... Foi uma amarração para a gente decidir abri-las. Se não me engano, eu fui com uma das garotas de Bento para a porta da direita e as outras duas foram na outra. Eu lembro de ter tido um impulso de gostosona, porque a guria aparentava estar mais amedrontada que eu. Eu juntei toda a minha coragem de pessoa anã e meu cabo de vassoura para abrir uma porta de uma casa estranha e preta, de noite e... nhec... fez um barulho muito clássico. Tipo silêncio total. Era um banheiro menor e eu olhei direto pela fresta da porta que se abria... cara, foi muito rápido. Eu vi a mãe da guria sentada na privada, fazendo algo com a mão (não sei se tinha alguma coisa ou era um "não se aproxime", sei lá, mal deu tempo de pensar...). Eu não sei se cheguei a terminar de dizer "desculpa", porque eu achei que ela tava cagando ou fazendo xixi, algo do gênero (ela tava sentada na privada), ainda que eu tivesse rindo muito. Por uns dois segundos...
Enquanto eu ficava naquele riso nervoso, com a garota atrás de mim, a porta terminou de abrir sozinha. Tinha um homem barbudo (o pai da guria), com um esqueleto de plástico na mão. Quer dizer, eu soube disso depois, porque eu dismaiei. Hahahaha. Ah, pára! Foi a coisa mais tosca do mundo. Eu sei que acordei e as luzes estavam acesas. Eu fiquei olhando reto (mas eu estava deitada, então eu via o teto) e fiquei muito 'ãhn?'. Daí aos poucos apareceram cabecinhas e eu fiquei pensando. Putz, eu sentei muito torta, com uma dor na cabeça. O cabo tinha quebrado, cara, e ele era muito forte... eu tenho o pedaço menor dele no meu quarto, trouxe de recordação. Putz, foi hilário. Todo mundo começou a rir muito, eu chorei de rir. Me disseram que eu dei um berro muito gigante e caí dura. Bah, sei lá. Que bizarro (momento sem ter o que falar, onde você pensa e só diz gírias)... eu sei que morro de medo quando meu coração começa a disparar. Passei um tempo evitando filmes mais "assim", ou jogos de computador. Sério, tem uns muito aterrorizantes. Eu fico nervosa por qualquer coisa, desde esperar meu nome ser chamado por professores até, sei lá, músicas com muito batuque. Enfim, foi realmente muito engraçado ficar off por algum tempo.
O nome da comunidade, a propósito, era algo do tipo "já desmaiei com um susto". Hahaha...


2 comentários:

Anônimo disse...

hauahuahuahuaha, que história doida essa guria. Muito tri, mesmo, muito filme de terror adolescente. O climax no teu desmaio. Eu fiquei rindo muito imaginando a cena.
Veja bem, não é porque você é baixinha que não pode ser corajosa(como tu demosntrou abrindo a porta), olha o exemplo do Gengis Khan (eu não sei se é assim que se escreve), ele era um baixinho muito doido, tem tb o Wolverine...
Essa historinha eu vou ter que guardar no word, gostei.
See ya nigga kiwi.

Guilherme Gomes Ferreira disse...

hahahahahaha nháá tri de lembrar essas desventuras de quando a gente era menor e tal...eu adorava contar estorinhas num grupinho, e tipo fazer caretas de 'uhh que fantastico' e coisa. Lembro que tinha uma casa meio abandonada numa rua onde eu morei na infância, e era sempre alvo dos enredos entre a garotada, tipo "tem gente morta lá dentro" rsrsrs...tinha uns caras mais velhos que adoravam pregar pessas na gente.

Mas esse seu casarão aí é realmente bizarro. Mas fala, como é desmaiar? Acho que nunca aconteceu comigo XD~

=**