quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

pt. 1

- É ela? - A voz não assustou o homem que estava sentado na cadeira, em frente aos monitores. A sala estava muito escura, senão pela luz das telas. Passou a mão pela testa encharcada de suor,por onde caía - sobre os olhos - uma franja amarelada e suja. Os óculos não estavam retos. Alguns botões da camisa amassada, desabotoados devido ao calor do pequeno aposento, completavam a imagem de cansado do sujeito.
- É.
- Não me surpreendo que seja bonita. Suas cobaias sempre são escolhidas a dedo. - O vulto continuou parado, observando os diversos ângulos que as câmeras projetavam da jovem. - Você não tem medo do plano falhar?
- Não me perturbe, Antoine. E mais do que isso: não me insulte!
- A probabilidade de dar...
- De dar certo é de cinqüenta por cento, já sei! - Berrou o homem, girando a cadeira de forma a encarar o rosto do outro. - Não quero ter a péssima visão do seu rosto bufando. Por favor, eu insisto, se retire!
- Vim apenas checar se as coisas estavam nos conformes.
- E estão. - Grunhiu, muito sério, erguendo uma sobrancelha.
- Olha, ela está olhando pra câmera... - O vulto apontou para um dos monitores, que mostrava uma garota sonolenta, escovando os dentes em cima da cama, em pé, de onde observava a pequena máquina na sua parede. - Quem instalou isso?
O homem sentado voltou à posição inicial e deu um murro na mesa. - Fui eu, Thomas, fui eu! Tem um armário suspenso ali, eu escondi a câmera na lateral... - Explicou ele, impaciente. Não quis admitir, mas ficara nervoso com a hipótese da moça ter descoberto o objeto.
- Meu nome não é Thomas, senhor.
- Hum... Antoine, que seja. - Disse o homem, esfregando o dedo sob o lábio inferior. - Olha, ela só estava tentando alcançar a maçaneta da porta do armário... Nem viu nenhum fio.
- Mas tu deixou os fios para fora, idiota?
- Não me atrapalha, imprestável. - Ambos pararam de falar quando a jovem tirou a camiseta velha com que dormia.
- Droga! - Suspirou o sujeito que atendia por Antoine. - Quem é que dorme de sutiã?
- Cala a boca. Eu me certifiquei de que ela não seria tão exposta...
- Você já sabia disso?
- Meu serviço é bem feito.
- Mas... deixa. Você escolhe garotas bonitas, magras, escolhe a cor do cabelo e dos olhos e depois não quer vê-las sem roupa? Que tipo de...
- Que tipo de homem eu sou? Meu caro, dentro de poucas horas ela vai estar no meu quarto, mais precisamente na minha cama... No meu lugar, duvido que você faria diferente.
- Eu gosto que invejem o que eu tenho.
- Pra mim, isso se chama complexo de inferioridade.
- E qual o sentido?
- Você não ouviu? Na minha cama! Minha, não na sua. Não me desconcentra, eu estou trabalhando.
- Que triste, você se contradiz. - Disse, em tom de reprovação. Fechou os olhos por um segundo, então observou o homem procurar a garota nas diversas telas a sua frente. - Ela está na cozinha.
- Onde?
- Aqui. - Apontou. - Sabe, ela pode estar na sua cama, mas não vai fazer nada com um velho cego feito você.
- Antoine, eu ainda sou seu chefe.
- Ok. Entendi. Olha, se precisar de alguma coisa me chama. Estou na linha 03. - Ele avisou, sem receber resposta. Antes de fechar a porta, perguntou qual era o nome da jovem. Ignorado, balançou a cabeça e mordeu os lábios.

[CONTINUA]




2 comentários:

Guilherme Gomes Ferreira disse...

uooou *.* que puxa!

nossa nossa nossa que fantástico! fiquei com vontade de saber se o velho vai pegar a garota, se essa é uma conspiração ou organização mafiosa ou algo do tipo hahahaha muááahuáhuá

que emocionante, será que eles contratam estagiário? hahahahaha
=*

Guilherme Gomes Ferreira disse...

acho muito bom que tenha continuação, nossa Ivy, cê podia escrever um livro! tipo suspense policial e coisa

=** de novo