sábado, 12 de maio de 2007

A fila anda.

Tudo começou quando as coisas foram divididas em setores e, estes, em subsetores: quando o tudo - massa homogênea e branca (segundo a física, o branco é a mistura de todas as cores) - ficou categorizado em pequenas e grandes parte. Surgiu a era das maiorias e minorias. Sim, senhores, isso foi horrível!
Na verdade, todo esse assunto começou a brotar na minha cabeça hoje, quando eu cruzei com a ala das revistas, num supermercado. Eu sempre lembro dum trechinho de 'Filtro Solar', em que o cara diz "não leia revistas de beleza, elas só vão fazer você se sentir feio." (acho que erra 'horrível' e não 'feio', mas enfim). Na capa dizia alguma coisa sobre moda de inverno, maquiagem, como não engordar, dicionário de sonhos, possivelmente revelações de celebridades e alguma coisa que eu não lembro, mas que na hora me deixou bem equivocada... acho que era uma daquelas listas de como se apaixonar (ou não).
Só sei que faz um tempo já que eu desencanei dessas idéias aí... Vou te dizer que o que eu gostava na famosa Capricho eram três colunistas. O Jerry, o Antonio Prata e uma mulherzinha que não me encanta mais. Eu tenho um livro dela, mas enfim. Me dava profundo nojo ver que essas revistas para garotas no fundo são destinadas para um tipo só de gente. Falam de roupas caras de algum lugar do mundo, fazem um horóscopo estranho e fazem listinhas de como ser/fazer isso e aquilo. E, ah claro!, ensinam a lidar com homens.
"Como não passar o Dia dos Namorados sozinha", "Cantadas para noitadas" e coisas assim. É estranho falar mal disso quando eu sou a rainha das classificadoras. É bem mais funcional olhar para alguém e, dependendo do que a pessoa mostra, colocá-la em algum grupo. Mas até eu sei que eu estou errada quando eu faço isso. Ah, só pra constar que eu gosto de testes de revistas e sites e qualquer lugar. Hahaha
Só que enfim... óbvio que é impossível agradar todo mundo a todo instante... mas essa coisa toda de cada um ter sua identidade acaba virando rivalidade. E o mundo está virado num daquelles trabalhinhos de pré-escola (de escolas católicas, tipo a minha)... onde as criançinhas fazem um teatrinho para pais e familiares dizendo falas cujo significado nem entendem, sobre separar o lixo e a relação disso com salvar o planeta. As pessoas aplaudem, tiram fotos, abraçam os fofinhos e vão embora pra casa contentes...
Tipo é uma merda agora. Existem revistas para lésbicas. A edição da filha da Gretchen nem chegou ao RS. Sei lá. São assuntos polêmicos e assuntos não tão polêmicos que vão sendo camuflados, contornados pelas massas da maioria. Eu sinceramente achava a coisa mais ridícula do mundo saber que existiam pessoas que deixavam de comer ou provocavam o vômito após as refeições para não se sentirem culpadas, para não engordar. Acontece que eu conheci uma guria que era praticamente incentivada a fazer isso. Enfim, eu não compro mais revistas na verdade. De nenhum tipo. Me sinto meio alienada por não ver muita tevê, nem ler ou ouvir muitos noticiários. Mas eu não preciso de alguém dizendo que bonito é ser assim.
A garota se tratou, está bem melhor. E particularmente 'gostosa'. Bem melhor do que vê-la puramente ossudinha. Na verdade eu acho que ela nem sabe que eu sei disso, porque nem somos tão próximas. Mas, de fato, é um carinho recíproco porque a gente tem um humor muito parecido e nunca discordamos em coisas realmente importantes. Caso isso acontecesse, seria total compreensível - e ninguém mudaria o jeito de agir.
Eu já cansei de discutir sobre porque eu como porcaria sem culpa - apesar de estar levemente tentando ter uma vida mais saudável. No fundo, eu odeio essa coisa machista de querer garotas com o físico perfeito. Mas a culpa não é nem dos caras, mas da mente fraca feminina. Depois dizem que garotas se vestem para elas mesmas.... mentira! Claro que existe a competitividade - e muita! - mas nada se justificaria assim... e eu não gosto muito dessa idéia de 'o outro primeiro'. A pessoa tem que, no mínimo, se dar o devido valor.
Experimenta ir numa festa arrasada. O lado emocional, quando não sofre interferência do lado racional, só faz cagada. O equilíbrio é bonitinho, mas a ausência dele é realmente 'quase-fatal'. Eu já fiz isso, já errei comigo e com outras pessoas. Tri que eu realmente melequei o assunto inicial, mas tudo bem. Se você se sente inferior você tende a aceitar qualquer coisa, ver em um 'pequena proposta' um futuro brilhante e se joga na primeira oportunidade de ser feliz que aparece. Funciona na hora, enquanto você está se distraindo... depois que você pára para pensar nas suas atitudes, daí sim...
Na última festinha meiga de aniversário que eu fui, ficaram me atormentando com quinhentas tentativas de suicídio de uma guria. Algumas babacas, do tipo realmente 'preciso de atenção, olhe para mim' (músiquinhas do Simple Plan). Outras mais masoquistas mesmo. Mas, se eu for analisar todo o contexto - e os motivos, são coisas realmente relevantes. Existem casos que eu penso 'meu deus, como isso pode acontecer'. E então e me lembro de historinhas de pobres em programas tipo o do Gugu. São as típicas coisas que eu paro para escutar, penso 'puxa vida' e não digo nada.
Eu achei infeliz me contarem toda a vida oculta de uma pessoa na festa de aniversário dela. Eu poderia ser uma qualquer que nem se importa ou, então, poderia nem ter me prestado a ouvir mesmo. Na verdade eu me senti tri incomodada, fiz comentários do tipo que não acrescentam nada à conversa e fiquei com cara de enterro um tempão. A guria apareceu depois toda sorridente e eu fiquei comendo meu cachorro-quente toda constrangida. Eu me senti bonitinha quando a família dela se referiu a mim como alguém realmente especial e coisas assim. De certa forma eu fiquei realmente feliz com isso, mas temi que alguns dos presentes na festa tivessem desfrutado do mesmo prazer. Por nada não, mas aquele lugar estava repleto de pessoas que não deveriam estar ali.
Sabe o que é enfrentar o mundo por uma amizade, dividir alegrias e tristezas, se dedicar totalmente a todas as coisas legais e sacrifícios que uma relação pode oferecer e, depois de tudo, ser obrigada a acreditar que tudo isso nunca existiu? Ah, se pá todos já passaram por isso. E traições e coisas do tipo. E isso me faz lembrar de um filme que eu vi de novo hoje. Bem babaca. "Tudo para ficar com ele" - com Cameron Diaz!
Eu sei o que o joguinho "pisa que amacia" muito bem e, de fato, é tudo uma merda. Hoje existem programas de namoro na tevê - que, por sinal, eu assisto - com o intuito de fazer as pessoas acharem suas almas gêmeas naquilo. Juuura. Gente bonita e sem conteúdo, palmas! Ou uma esperança muito da burra, mas tudo bem. Na verdade está tudo errado. O próprio ato da procura está errado. E eu sinceramente não tenho aquela imaginação de que 'beijinho em balada' evolua para namoro. Yes, eu sou careta.
As revistas treinam as garotas para serem lindas e magras e mega produzidas (tri que eu tinha uma política muito da infeliz também: "eu não conto as calorias das comidas, me nego a fazer chapinha e nunca vou chorar por homem") e, claro, usar e abusar dos famosos 'gatinhos' até chegar o dia em que você deve pegar um galinha, se apaixonar por ele, perder a virgindade, chorar porque ele era um cretino e então voltar a pisar em todo mundo. E, claro, esperar o seu príncipe encantado... que deve ter um carro, te dar flores, te incluir nos programas com os amigos dele e fazer algo meigo na praia. Sempre falam em praia, nunca vi.
A vida real não é muito diferente - mas ninguém está disposto a mudar isso. As pessoas namoram já pensando na 'próxima vítima'. Se é que não traem. E eu não tiro a razão delas, porque existe gente tão bundona que merece mesmo um chapéu de vaca, por mais imaturo que isso seja. Sim, eu já traí, muito obrigada. Pior de tudo que isso não faz de mim menos ou mais confiável ou pior ou incorreta que ninguém. Até porque eu sempre pensei que o ato de trair uma pessoa em pensamente é pior do que o ato físico. Mas enfim, eu nunca tentei dialogar isso na hora de encarar os fatos. Mas enfim, como eu disse é algo bem imaturo e hoje eu estou centrada na idéia de que uma relação bacana é baseada em sinceridade mesmo. Daí vem a confiança.
Já dizia alguém (o Renato Russo!) que 'disciplina é liberdade'. Eu concordo bastante com isso. Num filme, uma chefe de uma determinada revista falou pra colunista que antes da guria falar sobre o que ela quisesse ela tinha que aprender a falar sobre o que pedissem pra ela. Meio nada a vê parece, mas eu penso muito nisso. E isso me lembra meu profile do orkut - vip, especialmente dum trecho do livro do Apanhador... e um post desse blog aqui, cujo título é marcador de páginas eu acho. Marca-páginas. Eu sempre ponho palavras-chave nos títulos, alguma até que não fazem menção ao texto. Mas esse marcador aí existe de verdade, achei num livro que eu estava lendo na praia, esse ano. Fala um trecho que eu acho que é o que mais me marcou... sobre 'ser infiel e, ainda assim, digno de confiança'.
A minha mãe fala coisas sobre 'homens têm medo de mulher de atitude' e, de fato, existem coisas que realmente assustam qualquer pessoa, seja qual for seu sexo. Se chegar um cara pra mim todo orgulhoso porque já traiu óbvio que eu não vou dizer "pô, que legal". Mas enfim... existe um preconceito. Hahaha. Que idiota dizer isso. Mas ok, vamos mudar de assunto. Uma amiga, no carro, me perguntou sobre uma sigla que ela viu num cartaz de uma festa... GLBTS. Eu respondi, pensando porque raios ela não sabia aquilo - daí me liguei que eu tenho amigos do meio e ela não está acostumada e enfim e ficou tudo bem, e então o pai dela comçou um discurso sobre a ordem natural das coisas, alegando que não compreendia porque as pessoas insitiam em violar a natureza. Eu gosto do velho e, sinceramente, por mais 'dono da verdade' que ele estivesse parecendo, eu não saberia argumentar.
Já me ofereceram teorias científicas para a homossexualidade bastante convincentes, embora eu prefira pensar que tudo parte do lado psicológico da coisa. Eu concordo que é desprezível isso, mas eu adoro buscar no passado justificativas para as características das pessoas. Eu acho que um pai ou uma mãe ausente podem interferir muito da visão de mundo - não [só] gaymente falando. Mas eu acho uma série de coisas que nem cabem aqui agora.
No fundo, são coisas que só são encaradas desse jeito porque são da minoria. Se fosse levada a sério mesmo a idéia de que bonito é amar o próximo ninguém se importaria se o próximo é um rio, um pato ou uma pessoa manca e com dreads no cabelo do mesmo sexo. O problema está na interpretação das mensagens, em como tudo é levado ao pé da letra. "Ame o próximO, não O atual, dona Ivy".
Ninguém pensa que bonito é ser você mesmo. Todos querem mudar para todo mundo, para uma vez na vida encontrar a realização de se sentirem desejados. Mas não. A solução é se aceitar, com defeitos e qualidades, e realmente valorizar as diferenças com a mesma intensidade que damos às semelhanças. Talvez se todos olhassem um pouco mais para o próprio nariz o mundo voltasse a ser uma mistura homogênea.



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